Agência Câmara
BRASÍLIA - Foi encerrada há pouco a reunião da CPMI das Sanguessugas para ouvir o depoimento do ex-chefe do Núcleo de Informações e Inteligência da campanha à reeleição do presidente Lula, Jorge Lorenzetti. Ele está sendo investigado por envolvimento na operação de compra do dossiê que ligaria integrantes do PSDB à "máfia das ambulâncias".
Ao final do depoimento, alguns deputados ficaram irritados porque Lorenzetti foi orientado por seu advogado a não falar dos telefonemas que fez aos demais envolvidos no caso, segundo registros da Polícia Federal.
O deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) perguntou a Lorenzetti por que ele fez 105 ligações a Hamilton Lacerda, coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo, se o conheceu apenas em agosto. O parlamentar, porém, não obteve resposta.
Lorenzetti falou apenas da ligação feita para o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Ele disse que o telefonema ocorreu logo após a prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, e que falou a Carvalho que havia ficado chocado com o fato.
Diante dessas informações, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) questionou por que a CPMI não tem acesso a toda essa documentação, e os relatores da comissão confirmaram que não receberam esse material.
Lorenzetti, disse que, segundo Expedito Veloso e Gedimar Passos, as informações contidas no dossiê que ligaria integrantes do PSDB à "máfia das ambulâncias" eram consistentes e não eram falsas. Lorenzetti, no entanto, insistiu não ter tido acesso ao material.
Lorenzetti afirmou também que, ainda de acordo com as informações que recebeu de Veloso e Passos, havia no dossiê cópias de 15 cheques, no valor total de R$ 600 mil, que teriam sido dados a Abel Pereira para pagar dívidas da campanha de José Serra à Presidência da República em 2002. O material também incluiria fitas de vídeo registrando reuniões de Serra com os Vedoin e extratos bancários relativos a pagamentos provavelmente feitos a prefeituras.
A CPMI volta a reunir-se amanhã, às 10 horas, para ouvir os depoimentos de Osvaldo Bargas e Expedito Veloso, na sala 6 da ala Senador Nilo Coelho, no Senado.
Quanto a Gedimar Passos, que foi convocado para depor hoje, mas apresentou atestado médico justificando sua ausência, a expectativa é que compareça para falar na CPMI na próxima terça-feira. Caso contrário, a comissão vai acionar a Polícia Federal para obrigar Passos a depôr.