Agência Brasil
BRASÍLIA - O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, e o ministro da Defesa, Waldir Pires, falaram pela primeira vez sobre a possibilidade de falha dos controladores de vôo no acidente com o avião da Gol. Ambos concordaram que os controladores não podem ser os únicos responsabilizados pelo acidente.
- Acho que houve uma indução (por parte do controlador) de que o avião estava no nível 360 (36 mil pés) e ele passou para o substituto assim. Por isso, o controlador não tinha sombra de dúvida de que o avião estava a 360 - declarou Bueno, ressaltando, no entanto, que afirmava como piloto que não detinha informação privilegiada do incidente envolvendo um Boeing 737-800 da Gol e o jato executivo Legacy, operado pela ExcelAire.
O Legacy, que saíra de São José dos Campos rumo a Manaus, voava a 37 mil pés, quando deveria ter baixado para 36 mil pés em Brasília. Ao se manter na mesma altitude, chocou-se com o Boeing da Gol, que voava de Manaus para o Rio de Janeiro, com escala em Brasília. O Boeing caiu no Mato Grosso, enquanto o Legacy, com sete ocupantes, conseguiu fazer um pouso de emergência em uma base aérea no sul do Pará. Todos as 154 pessoas que estavam a bordo do avião da Gol morreram.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, também disse que houve problemas de comunicação no dia do acidente entre as aeronaves e ressaltou que a responsabilidade não foi exclusiva do controle. Waldir Pires levantou uma série de problemas que contribuíram para o acidente, como falha no radar geral, que não indicou a existência de duas aeronaves na mesma aerovia, problemas de comunicação entre o piloto do Legacy e a torre, além do problema com o transponder (equipamento anticolisão) do Legacy, que não funcionou.
Um relatório preliminar da Aeronáutica sobre as causas do acidente, divulgado na semana passada, mostrou que pilotos e controladores de vôo tentaram, sem sucesso, vários contatos nos minutos anteriores ao acidente, o pior desastre aéreo da história do Brasil.
O acidente com o Boeing desencadeou uma crise no setor aéreo e uma operação-padrão dos controladores de vôo que pedem melhores condições de trabalho em um novo plano de carreira. A medida tem causado caos nos aeroportos, com atrasos de vôos e longas esperas para os passageiros de todo o país.
O comandante da Aeronáutica admitiu pela primeira vez que errou ao não garantir uma equipe reserva de controladores do tráfego aéreo e afirmou que a situação nos aeroportos do país será normalizada até os feriados do fim do ano.
- Houve uma falha minha por não ter reserva técnica, e tem dinheiro para isso - disse Bueno
Apesar de algumas autoridades não assegurarem tranquilidade nos aeroportos nos feriados do fim de ano, Luiz Carlos da Silva Bueno tranquilizou os passageiros.
- Temos gente suficiente para este final de ano e os passageiros não precisam ficar preocupados - reiterou, durante audiência pública no Senado sobre a crise no tráfego aéreo, da qual participaram também o ministro da Defesa, Waldir Pires, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuannazzi, e outras autoridades do setor aéreo.
Segundo Bueno, até o fim do ano haverá mais 54 controladores de vôo trabalhando. No dia 24 de novembro, 65 novos controladores serão formados, e outros 240 até 2009. O presidente da Anac, no entanto, disse não ser possível garantir que no Natal e no ano-novo a situação estará normalizada.
O ministro Waldir Pires negou que tenha tenha havido redução de verbas no setor que possa ter prejudicado o funcionamento nos aeroportos.
- Essa informação não é verdadeira. Não houve contingenciamentos que tivessem reduzido a aplicação de recursos de forma significativa e que tivessem tumultuado as condições do tráfego e do controle - disse Pires durante a audiência.
A operação-padrão dos controladores de vôos de todo o país objetiva, principal