INFORME JB

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O estilo faz o presidente

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Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 05/01/2023 às 16:47

Lula e a volta do 'estilo presidente' ao Palácio reprodução/Instagram

A governança do Palácio do Planalto estranhou, a princípio, a mudança da água para o vinho no estilo do 1º mandatário do país, depois de 1º de janeiro.

Acostumado ao linguajar rude, ríspido e por vezes chulo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que quando não usava camisa de mangas curtas exibia os punhos das camisas abertos, saindo pelas mangas dos ternos mal cortados, o estafe do Palácio logo percebeu a nova compostura de Luís Inácio Lula da Silva.

O estilo no vestir de Lula - relógio elegante, gravata de seda, camisa abotoada no punho - traduz um comportamento compatível com a de um Chefe de Estado, que remete à liturgia do cargo de Presidente da República.

O tremendo contraste nada lembra o que saiu pela porta lateral do Palácio, em fuga para os Estados Unidos, no dia 29 de dezembro.

O ex tinha punho aberto, usava relógio de R$ 1,99 e gravata de camelô. Tudo condizente com desrespeito à gramática, à boa educação e, como diria Leonel Brizola, à Constituição, já que vivia “costeando o alambrado das quatro linhas”.


Macaque in the trees
Detalhe de foto de Lula em sua mesa de trabalho (Foto: fonte)

 


Sai a BIC; volta a mesa do tinteiro

A sala do gabinete presidencial, na definição do chefe da governança, está “espetacular”. Com muito “glamour” e sofisticação como o lugar merece. E uma mudança notável foi a volta dos móveis de excelência do gabinete.

Como o aparador de tinteiro de prata, superelegante, que voltou para mesa do Presidente da República (foto). Na Nova República, foi usado, pelos presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer. Na era PT, Lula e Dilma também mantiveram o aparato.

Já Jair Messias Bolsonaro, que jamais primou pelo bom gosto, mandou colocar o móvel no depósito do palácio. Algo coerente com o estilo brega do “Bolso ex-mito”, que dava mais valor a uma caneta BIC, e mandou colocar a sala de imprensa na garagem do Palácio do Planalto.



Santas Casas excluídas

Por falar em Bolsonaro, políticos do interior de São Paulo não entenderam a exclusão feita pelo ex-presidente e o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, das Santas Casas de Jales e Fernandópolis. As duas cidades ficaram de fora do pacote geral de R$ 2 bilhões de ajuda aos hospitais benemerentes.

Os municípios vizinhos de José Bonifácio, Monte Aprazível, Neves Paulista, Nova Granada, Nhandeara, Novo Horizonte, Olímpia, Tanabi, Santa Fé do Sul e Votuporanga foram contemplados.

As direções das Santas Casas têm até a próxima 3ª feira, 10 de janeiro, para comprovar que estão aptas a receber o quinhão que lhes cabe.



Sem Censo, IBGE mata 8 milhões

Quem acompanha, no Portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o marcador da projeção automática da população brasileira, que tinha superado os 215,500 milhões de habitantes antes do Natal, levou um susto no dia 28 de dezembro quando o IBGE, com base na avaliação parcial do Censo 2022, informava que o Brasil tinha 207,750 milhões de habitantes.

Como? - disse a mim mesmo, já que tinha noticiado o alcance do patamar de 215,5 milhões, que nos coloca como a 6ª nação mais populosa do mundo (perdemos o 5º posto para o Paquistão há três anos). Assim, corríamos o risco de sermos superados pela Nigéria, colada com 215 milhões de pessoas.

A explicação veio do IBGE: o Censo teria de ser concluído até 31 de dezembro, mas só estava 83,9% apurado em todo o Brasil. Por exigência do Tribunal de Contas da União, que usa os dados de cada município do Brasil levantado pelos censos e atualizado pela projeção populacional para definir o quinhão de cada um dos 5.570 municípios, para definir sua fatia dos impostos federais no Fundo de Participação dos Municípios (o processo se repete no rateio do ICMS e outros impostos estaduais), o IBGE tinha que divulgar a posição em 2022.



Onde falta colher dados

Até 2ª ordem, os agentes contratados pelo IBGE para colher informações de casa em casa devem encerrar os trabalhos neste janeiro. Tomara, pois os censos são decenais e este está atrasado desde 2020, por culpa da pandemia da Covid-19. Com base nos censos há melhores diagnósticos para as políticas públicas. Ou seja, se forem bem usados, maximiza-se o uso de verbas.

Faltava pouco: 4.410 municípios já tinham mais de 99% do levantamento concluído em 25 de dezembro. Dos demais 1.160 municípios, 932 estavam com 90% a 985 dos dados coletados.

O Piauí era o estado mais avançado no censo: 96,8%. Estavam abaixo da média nacional (83,9%), os estados do Amapá (73,7%), Rondônia, Acre, Pará, Mato Grosso, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal.



Recusa e ausência

A maior dificuldade para fechar a coleta não era a distância entre os povoados e as residências nas regiões Norte e Centro-Oeste, mas a resistência das pessoas em receber estranhos. Mesmo com todos os crachás de identificação, as cidades satélites em torno de Brasília lideravam a falta de resposta.

Parte do fenômeno pode ser explicado pela ausência do morador ou moradora responsável, que trabalha fora ou em outro município. O problema é alto na capital paulista onde 35% das residências estavam sem respostas. No Rio, Salvador, BH e Curitiba a lacuna passava de 20%.

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