INFORME JB

Por Jornal do Brasil

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INFORME JB

Bancos abandonam Ipanema

Só na rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, o Bradesco fechou três agências (duas que eram do HSBC, comprado em 2016, e uma própria, na praça General Osório)

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 02/07/2021 às 09:37

Alterado em 02/07/2021 às 19:15

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A pandemia da Covid-19, ao reduzir a frequência nas agências bancárias até às 14 horas, foi capitalizada pelos bancos brasileiros, privados, estrangeiros e estatais para forçar os clientes a operarem via internet, especialmente pelo celular. E o resultado já pode ser visto em Ipanema, Leblon (bairros de alto poder aquisitivo no Rio) e ao longo de Copacabana. Dezenas de agências foram fechadas, com demissão de bancários e de seguranças.

Só na rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, o Bradesco fechou três agências (duas que eram do HSBC, comprado em 2016, e uma própria, na praça General Osório). Agora há apenas três agências do banco, sendo que a da esquina com Maria Quitéria eliminou os caixas para atendimento de pessoal. Só caixas eletrônicos, que diminuíram nas duas outras restantes.

O Itaú, que chegou a ter 12 agências, após a fusão com o Unibanco, em 2008 – incluindo as quatro do Personnalité, reduzidas a duas, - tem agora só três agências na Visconde de Pirajá. Quem ganhou espaço nesse enxugamento foi o espanhol Santander, agora com quatro unidades, sendo uma do Select, seu banco para o alto padrão. Entre os bancos privados, o Safra tem uma agência e atrai a colônia judaica com a sinagoga Jacob Safra, na rua Nascimento e Silva, 115. O Original (do grupo J&F, dono da JBS) tem uma agência, assim como o BMG, e o banco cooperativo Sicoob, no Forum de Ipanema.

O Banco do Brasil tem três agências, incluindo a Estilo, para a clientela de alto padrão, na rua Aníbal de Mendonça. A Caixa Econômica Federal, que além de banco tem uma infinidade de programas sociais para atendimento ao público, como o FGTS, PIS, Auxílio Emergencial e Seguro Desemprego, abre mais cedo, às 9 horas (como os demais bancos, que reservaram o horário de 9 às 10 para atendimento a idosos e gestantes). Mas a CEF, mas encerra o expediente bancário às 13 hs. Questões de cidadania deveriam ter horário mais elástico.

Comércio avança nos bairros

A polêmica que surgiu em décadas recentes, quando a concentração bancária foi enxugando o número de agências e dando espaço aos letreiros de farmácias, parece ter ficado para trás. Nos anos 90, Ipanema chegou a ter quase duas dúzias de bancos com agências na Visconde de Pirajá. Com as privatizações e o processo de concentração, desapareceram as agências do Banerj e Bemge (comprados pelo Itaú), Banespa (Santander) e Crédito Real de Minas Gerais, privatizado pelo BCN, comprado pelo Bradesco. As fusões e incorporações fizeram desaparecer o Bamerindus (que virou HSBC), Nacional (comprado pelo Unibanco), Real, Boavista, Boston, Citibank, Francês e Brasileiro, Sudameris, Econômico, Noroeste, entre outros.

Em bairros com alto poder aquisitivo e grande concentração de idosos, é natural a convivência de agências bancárias com farmácias, pois o alto poder aquisitivo aumenta a expectativa de vida e o uso mais amplo de medicamentos. Felizmente, nem toda agência bancária fechada virou farmácia. Pelo menos em Ipanema algumas delas fecharam (talvez por excesso), mas em seus espaços surgiram, a cada quarteirão, laboratórios de análises clínicas. A longevidade exige cuidados especiais com a saúde. E a reclusão da pandemia aumentou a procura por animais domésticos e as lojas de Pets.

Sem shoppings, como Leblon, Copacabana e Botafogo, apenas com centros comerciais, Ipanema, após a frustrada experiência de dois grupos de varejo que abriram lojas de rua e fecharam em 2019 – a Renner, que aproveitou a pandemia para concentrar operações em shoppings, e as Lojas Marisa, que não conseguiu concorrer com a vizinha C&A e a Riachuelo ,- vê com bons olhos a chegada ao bairro do Magazine Luiza.

Macaque in the trees
Chegada da Magazine Luiza a Ipanema anima o morador (Foto: Foto: Gilberto Menezes Côrtes)

InstaIada em antiga agência do Unibanco, que virou Personnalité, fechada há mais de três anos, vai operar ainda este mês ao lado das Casas Bahia, no quarteirão da Visconde de Pirajá entre Farme de Amoedo e Teixeira de Mello. Separando-as, uma loja de Pets. A disputa vai atingir ainda o Ponto (ex-Frio), na mesma Visconde de Pirajá, no Bar 20, as Lojas Americanas, com 4 unidades na mesma rua, e a Casa&Video, em frente à praça N. Sra da Paz. Será uma boa briga, para o consumidor tirar vantagens na comparação de preços e condições de compra.

Mas quem reina absoluto até aqui no comércio local é o Supermercado Zona Sul. Sofre modesta concorrência do Prix (duas lojas), do Hortifruti (idem) e da mercearia e açougue Kikarnes, também com duas lojas. São seis lojas, quatro na Visconde de Pirajá, uma na Prudente de Moraes, e a mais moderna, com um 2º andar funcionando como centro gastronômico, na rua Barão da Torre. Não fosse a pandemia, essa loja ZS estaria tomando mais freguesia dos bares e restaurantes do bairro.

Com a retração do movimento noturno, vários bares e restaurantes fecharam em Ipanema, como a filial do "Adegão Português", na quadra seguinte, o "Barzin", o "Tô nem Aí" e o "Armazém do Café", na Maria Quitéria. Cercada de grande expectativa está a abertura do Talho Capixaba, na Barão da Torre, na Praça da Paz. “Mas a obra que já dura mais de quatro anos, está tão demorada que o Talho pode virar cicatriz”, brincou freguês, ansioso por provar as delícias da filial do Leblon.

A Farme já não é mais gueto gay
Com o reconhecimento dos direitos dos cidadãos LGBTIQ+ em todas as grandes cidades brasileiras, em especial no Rio de Janeiro, onde não há mais points exclusivos ou excludentes nas praias e nos bares e restaurantes, houve uma natural dispersão da frequência na praia entre Farme de Amoedo e Teixeira de Mello. Isso afetou a frequência dos bares e restaurantes da Farme de Amoedo. Antes mesmo da pandemia, houve uma queda da frequência que levou ao fechamento de pelo menos seis restaurantes.
Mas a rede Belmonte está apostando na revitalização do ponto de forma ampla e está investindo na construção de um bar e restaurante de três andares na esquina da Farme com a Avenida Delfim Moreira. Tem tudo para ser um novo point do verão, como está sendo neste inverno a filial de Ipanema do bar Boa Praça, revitalizado no local onde funcionou o Astor e o Jazzmania.

Farm reabre após luto de duas semanas
E a nota positiva da semana foi a reabertura da loja Farm da Praça N. Sra. da Paz, com desconto de 50% em algumas coleções. Em sinal de luto pela morte, vítima de bala perdida, de sua vendedora Khatlen Romeu, que estava grávida, o grupo Soma, controlador da Farm e da Animale e da Hering, entre outras marcas de grifes, suspendeu as atividades por duas semanas. A clientela era atendida na loja da Lagoa, também em Ipanema.