ARTIGOS

Lúcio Costa e a Barra

Por MAURO MAGALHÃES

Publicado em 13/01/2021 às 19:09

Alterado em 13/01/2021 às 19:09

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Criador do Plano Piloto de Brasília, lançado em 1960 por Juscelino Kubitschek, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998) foi lembrado, em plena pandemia, em 2020, pelos 50 anos de criação do Plano Piloto da Barra da Tijuca, que ele entregou, sob encomenda, ao então governador Negrão de Lima para mudar a vida de uma região do município do Rio de Janeiro que, muitas vezes, parece mais uma cidade do que um bairro.
Fui morar na Barra da Tijuca em 1961, logo depois de casar com minha mulher, Thetis Magalhães.

A rua Olegário Maciel, onde ficava nossa primeira casa, de sala e dois quartos, quintal e jardim, foi palco de muitas serestas, antes e depois da campanha eleitoral de 1962, quando fui eleito pela extinta UDN de Carlos Lacerda para ser deputado estadual, com o apoio do apresentador Wilton Franco (1930-2012), que, naquela época tinha um programa na antiga TV Rio e, depois, passou pela TV Tupi, Excelsior, TV Globo e TV Record.

Wilton Franco frequentou muito a minha casa na Olegário Maciel. Ele levava cantores e artistas. Era o Brasil e o Rio de Janeiro da Bossa Nova. Presidido por João Goulart, que assumiu logo após a renúncia de Jânio Quadros.

Pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, Lúcio Costa morou em vários países do mundo.
Após a Revolução de 30, o querido arquiteto foi indicado por Rodrigo Mello Franco de Andrade para assumir a direção da Escola Nacional de Belas Artes e ali ele reformulou o curso de arquitetura. Promoveu, em 1931, uma exposição geral que foi denominada de Salão Revolucionário.

Costa convenceu o famoso arquiteto franco-suíço, Le Corbusier, a vir ao Brasil em 1936, para uma série de conferências, enquanto colaborava na sede do recém-criado Ministério da Educação e da Saúde Pública.
Convidado a projetar o prédio do MEC, Costa dividiu o projeto com uma equipe que incluía Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Ernâni Vasconcellos, Jorge Moreira e Affonso Reidy.

Quando JK lançou o concurso para a nova capital do Brasil, em 1957, Costa enviou ideia que contrariava algumas normas do concurso.

Ao ser chamado por Negrão de Lima para construir o plano urbanístico da Barra da Tijuca, em 1969, Costa aproveitou a vegetação e valorizou o espaço da região.

Eu sugeri ao Lúcio Costa , em 1973, a implantação de varandas nos prédios da Barra. Ele não queria aceitar, de jeito nenhum. Foi difícil convencê-lo. Mas, um dia, eu disse a ele que tinha feito uma viagem à França. E que, em Paris, já havia muitos prédios com varandas como as que eu sugeri para a Barra.

Depois de algum tempo, Lúcio Costa concordou. Mas estipulou que as varandas deveriam ter, no máximo, um metro e meio.

Quando Israel Klabin tornou-se prefeito do Rio, eu e um grupo de empresários e moradores da Barra da Tijuca fizemos uma homenagem a Lúcio Costa.

Ele era genial.

*Empresário e ex-deputado.