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Como está a vida em Serrana, 1ª cidade no Brasil com vacinação em massa

Conheça a cidade escolhida pelo Instituto Butantan para estudar a efetividade da Coronavac quando aplicada em nível populacional

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 01/05/2021 às 08:04

Alterado em 01/05/2021 às 08:07

A entrada da cidade, no interior de São Paulo Leo Souza/Agência Estado

O que aconteceria se mais da metade de uma população fosse imunizada contra a covid-19? A pouco mais de 300 km de São Paulo, a cidade de Serrana foi escolhida pelo Instituto Butantan para um estudo que tem como objetivo medir a efetividade da Coronavac quando aplicada em massa. Os resultados serão divulgados em maio, mas a administração municipal está bastante esperançosa e planeja a retomada da economia. 

Denominado ‘Projeto S’, o estudo foi estruturado de maneira ‘secreta’ no ano passado para evitar que pessoas se mudassem para a cidade, na tentativa de serem vacinadas. A sigla 'S' também faz referência a ‘Serrana’ e a ‘Sars-Cov-2’. Para a implementação do projeto, a cidade foi mapeada e dividida em 25 subáreas através do Censo da Saúde, realizado em setembro de 2020. Os habitantes foram cadastrados e alocados em quatro grandes grupos populacionais – verde, amarelo, cinza e azul – vacinados alternadamente, um por semana.

Por se tratar de um estudo científico, o Projeto S não utilizou doses pertencentes ao Programa Nacional de Imunização (PNI). A pesquisa teve como população-alvo moradores acima de 18 anos – exceto pessoas com comorbidades, mulheres grávidas ou em amamentação e quem teve febre 72h antes da vacinação. Os voluntários serão acompanhados ao longo de um ano, para que se possa analisar a duração da resposta imunológica proporcionada pela Coronavac.

A vacinação em massa começou em 17 de fevereiro e foi concluída no dia 11 de abril com a aplicação das duas doses da Coronavac nos quatro grupos. Ao todo, são 27.160 mil moradores completamente imunizados contra o novo coronavírus – o equivalente a 95,7% da população-alvo da pesquisa e aproximadamente 59,5% da população total de Serrana, de 45.644 mil habitantes.

Com a conclusão da vacinação em massa, os pesquisadores do Projeto S estão avaliando agora seu impacto na redução de casos graves, na mortalidade, nas internações e na transmissão do novo coronavírus em Serrana. Segundo Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do estudo, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, resultados preliminares começarão a ser divulgados no meio de maio pelo Instituto Butantan.

Uma das respostas que os pesquisadores esperam obter já nas próximas semanas é se o grupo imunizado primeiro teve redução de casos antes dos outros. O dado pode ajudar a definir qual a melhor estratégia para imunizar a população quando não há vacina para todos. Estudos clínicos já mostraram que a Coronavac tem taxa de eficácia geral de 50,38%. Os investigadores também querem avaliar se essa eficácia é mantida, ampliada ou reduzida quando o imunizante é aplicado em massa.

Surto em asilo revelou alta transmissão do vírus na cidade

Em abril de 2020, um surto de covid-19 atingiu idosos e funcionários em um asilo de Serrana. Para contê-lo, a prefeitura da cidade pediu ajuda à equipe do Hospital Estadual de Serrana. Por meio de testagem em massa e acompanhamento dos pacientes infectados, o episódio foi controlado.

Em seguida, o Instituto Butantan fortaleceu a parceria com Serrana para testagem e, em julho de 2020, um primeiro inquérito epidemiológico foi feito na cidade. Com as informações colhidas, concluiu-se que 8,75% da população tinha tido contato com o vírus e 5% estava com o vírus ativo, infectando outras pessoas. "Essa foi uma das taxas mais altas entre todas as cidades do Estado de São Paulo que fizeram esse inquérito", explica Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do Projeto S.

Em agosto de 2020, um segundo inquérito foi realizado, revelando uma queda na infecção ativa da doença. Nesta avaliação, foi observado que 10,6% da população tinha tido contato com o vírus e 2,5% estava com o vírus ativo no momento da testagem.


Cidade relativamente pequena com hospital estadual

"Quando Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, teve a ideia de fazer um projeto de vacinação em massa, ele se lembrou do surto de covid-19 em Serrana", conta Borges. Além disso, a cidade é relativamente pequena – 45.644 mil habitantes – e possui uma unidade do Estado, o Hospital Estadual de Serrana, que é parceiro do Projeto S.

Para preparar a cidade para o projeto, a equipe de ensaios clínicos, a diretoria e os pesquisadores do Hospital Estadual de Serrana junto com a Secretaria Municipal de Saúde implementaram uma vigilância epidemiológica ativa em Serrana, ampliando o diagnóstico virológico (RT-PCR) para todas as unidades de Saúde e criando um sistema de monitoramento ativo de casos e contatos. "Aqui, o resultado do teste sai em menos de 24h; isso não acontece em nenhuma cidade do Brasil", afirma Borges.

Proximidade com Ribeirão Preto, um polo de pesquisa

Um terceiro fator que foi decisivo para a escolha de Serrana como cidade-sede do Projeto S foi estar localizada na região metropolitana de Ribeirão Preto. Por isso, está bastante próxima da FMRP-USP, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, um estabelecido centro de pesquisa que se tornou parceiro do estudo.

Além disso, Serrana funciona como dormitório para aproximadamente 20 mil pessoas que trabalham em Ribeirão Preto. O grande fluxo intermunicipal de pessoas também foi visto como fator interessante para medir a efetividade da vacinação em massa da população de uma cidade.

O Projeto S pode ser considerado inédito por ser conduzido no meio de uma pandemia, na tentativa de encontrar respostas claras para bloqueá-la. Sua metodologia, contudo, já foi utilizada anteriormente na década de 80, quando foi aplicada em Gâmbia para avaliar a efetividade da vacina contra a hepatite B. "Esse tipo de estudo foi pouco utilizado no mundo por conta da dificuldade de sua logística", explica Borges. "Em Gâmbia, a pesquisa demorou entre quatro e seis anos. Nós recrutamos todos os voluntários do Projeto S em dois meses."

Nos dias 8 e 9 de abril, o Estadão esteve em Serrana para ouvir os moradores que toparam participar do estudo do Instituto Butantan. Entre as expectativas com a vacinação em massa, estão o desafogamento do sistema municipal de saúde, a retomada da economia, a volta da vida social e dos estudos – além da esperança em dormir mais tranquilo com o controle da covid-19.

Negócio familiar na praça principal

Sou nascido em Serrana, minha família está na cidade desde 1930. Nossa salgaderia foi fundada em outubro de 1988. Trabalhamos em família e meus filhos hoje estão aqui conosco. Sempre acreditamos no potencial da cidade e ficamos muito felizes com o Projeto S. Sabemos que fomos privilegiados. Quando chego a um lugar e falo que sou de Serrana, a primeira coisa que as pessoas me perguntam é: 'Tomou a vacina?'. Serrana merece muita coisa, estamos torcendo e trabalhando para isso.

No ano passado, nosso negócio sofreu muito – e não só o meu. Com exceção de supermercados, farmácias e postos de gasolina, o comércio todo sofreu muito. Fizemos de tudo para segurar o quadro de funcionários. Para ajudar nos custos, participamos do programa do governo de suspensão de contratos. Comprávamos o que realmente era necessário, mas foi difícil. Ainda estamos trabalhando porque estávamos com o pé no chão e nunca fomos aventureiros. Mas acho que muitos comerciantes não vão aguentar. Torcemos para que o privilégio que tivemos com a vacinação seja para todo mundo.

Tanto eu quanto minha família acreditamos no Projeto S. Ficamos muito contentes com o serviço que foi prestado à população de Serrana, foi algo para servir de exemplo. Fiquei surpreendido com a organização e com o trabalho que foi feito. Não fizemos nada acuados, tomamos a vacina conscientes do que estávamos fazendo e acreditando nisso. A sensação é de alívio e de esperança em voltar a sonhar mais rápido. Estou otimista, vamos poder dormir mais tranquilos e voltar um pouco à normalidade. O Instituto Butantan é muito sério para as pessoas duvidarem. Tomem a vacina e se cuidem.

Desafogamento do sistema de Saúde

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), atendemos todos os casos de síndrome gripal com diagnóstico ou suspeita de covid-19. Não baixamos a guarda, continuamos atendendo da mesma forma. A única mudança é na procura: já podemos observar uma queda na quantidade de pessoas que procuram a UPA. Os casos graves também caíram consideravelmente. Não tivemos nenhum paciente intubado nas últimas semanas.

Fico aliviado não só como profissional de saúde, mas como ser humano e como pai. São pessoas que não estão mais morrendo. Vemos que a ciência e as vacinas estão dando certo. É um alívio para todos. O Projeto S foi uma benção para Serrana, que foi escolhida dentre tantas cidades do País para ser pioneira na pesquisa sobre a vacinação em massa. Esse projeto vai servir como inspiração para outros estudos, a nível nacional e mundial. A população de Serrana pode se considerar privilegiada por fazer parte disso.

Ano passado, nesta época, foi muito preocupante, porque os pacientes já chegavam numa condição muito grave. Vinham com sintomas respiratórios intensos, com muita falta de ar. Não tínhamos tempo de atender todos com calma. Nesse sentido, posso falar que hoje em dia nossa rotina está muito mais tranquila. A preocupação caiu um pouco, com certeza. Mas a prevenção é a base do sucesso e, para esse vírus, não podemos baixar a guarda. Na medida do possível, fiquem em casa. Se precisarem sair, protejam-se.

Vacinar para retomar economia

Uma adesão de aproximadamente 96% mostra a vontade de viver da nossa população. Os munícipes acreditaram nesse projeto porque o Instituto Butantan é muito respeitado. O estudo foi chamado de 'Projeto S' justamente porque era secreto, não foi divulgado. Em 2020, fizemos um inquérito epidemiológico para avaliar a transmissão do coronavírus na cidade, além do Censo da Saúde para mapeá-la. Tudo foi organizado pelo Instituto Butantan e nós, como secretaria da Saúde e prefeitura de Serrana, demos suporte. Disponibilizamos oito escolas para a vacinação: cinco municipais e três estaduais.

Já temos uma percepção da queda dos casos graves e acreditamos que seja por causa da segunda dose. Essa análise será feita pelo Instituto Butantan, mas já posso sentir que a queda é expressiva. Estamos confiantes, esperando a conclusão dos resultados. Depois disso, a administração municipal vai reavaliar o Plano São Paulo, seguindo também o que o governador João Doria (PSDB) determinar. Estamos trabalhando em várias vertentes para gerar emprego em Serrana. Enquanto muitas cidades estiverem com restrições, estaremos abertos – dado o expressivo número de pessoas vacinadas acima de 18 anos.

Neste momento, Serrana está contribuindo para a ciência e para o mundo. Estamos orgulhosos e esperançosos. Mas é importante dizer que, mesmo com a segunda dose, é fundamental usar máscara, higienizar as mãos, evitar aglomerações e sair de casa somente quando necessário. Temos feito uma orientação e fiscalização para impedir aglomeração, por meio da Vigilância Sanitária e da Guarda Civil Municipal (GCM). Espero que outras cidades também sejam contempladas com a vacinação, para que retomem a economia, a educação presencial e a vida social.

Voluntário por acreditar na ciência

Decidi participar voluntariamente desse projeto do Butantan porque os pesquisadores ainda estão estudando o coronavírus. Tem coisas que ainda não sabemos muito bem, como seus efeitos e sequelas. Foi por livre e espontânea vontade, porque eu acredito na ciência, nos fatos e no SUS.

Nos meses de outubro e novembro do ano passado, carros contratados pela prefeitura anunciaram o Projeto S pela cidade. Passaram de casa em casa, identificando os moradores e questionando se topariam aderir ao estudo como voluntários, caso houvesse a fabricação de uma vacina. Minha família e eu passamos por essa entrevista. Nós fornecemos nossos dados pessoais e manifestamos o interesse de sermos vacinados contra a covid-19.

Fui vacinado contra a covid-19 na escola em que estudei. Eu poderia ter escolhido outra, mas optei por ela por ter um carinho enorme. É uma escola que me acolheu na minha adolescência e é uma gratificação saber que ela abriu as portas para esse projeto que vai beneficiar a cidade como um todo.

Máscaras continuam necessárias

Monto freio de tratores e viajo bastante pela região por causa do meu trabalho. Na pandemia, o serviço caiu bastante, mas agora parece que está voltando ao normal. Já tive covid-19 e não sei dizer como me infectei, mas talvez tenha sido algum descuido no meu serviço. Resolvi participar do estudo por Serrana ter tido essa oportunidade. O que custa participarmos? Conseguimos tomar a vacina de graça. Acho que não vai fazer mal para ninguém, só nos ajudar.

Quando todos estiverem imunizados, quero tirar essa máscara. Mas acho que ainda vai demorar um tempo, porque não adianta eu estar imunizado e acabar transmitindo para outra pessoa que ainda não se vacinou contra a covid-19. Temos que pensar em tudo isso. Por causa desse risco, temos que ficar de máscara até todos serem vacinados e termos a certeza de que a doença não fará mal a mais ninguém.

Vacina para todos

A sensação de ser vacinado é muito boa, até porque nossa cidade foi privilegiada com esse estudo. Decidi participar do Projeto S porque achei muito interessante. Deveria ter essa oportunidade não só para nós, mas para o Brasil todo. Todos nós acreditamos em um mundo melhor, e esse vírus que estamos enfrentando foi muito ruim. A pandemia afetou um pouco dos meus estudos e trabalho. Não só dos meus, mas de outras pessoas da minha família também.

No ano passado, teve redução de muitas coisas, mas acreditamos em melhorias para o nosso mundo e é isso que estou esperando com a vacinação. De início, senti as pessoas preocupadas por causa de algumas fake news da internet. Mas, no final, grande parte da população participou do projeto – o que foi muito bom, porque precisávamos disso. Estamos pedindo socorro para que tudo isso acabe.

Fila para se vacinar

Eu trabalho em um carrinho de pipoca no Novo Shopping, em Ribeirão Preto. Está fechado, sem ninguém trabalhando. Estou parada, mas os patrões estão pagando uma parte para nós. Eu tinha bastante medo do coronavírus, ficava em casa e só saía quando precisava mesmo. Ter sido vacinada é um sentimento muito bom. Nos explicaram que, depois da segunda dose, se pegarmos o vírus, pegamos fraquinho.

Minha mãe se vacinou, eu e minha cunhada também. O sol estava bem quente, mas o povo estava bastante animado para tomar vacina. A vacinação começava às 14h da tarde, e teve gente que às 8h da manhã já estava fazendo fila na frente da escola.

Coronavírus era traiçoeiro

Antes do coronavírus, estávamos sempre aqui na praça central, todo dia. Por causa da pandemia, estamos ficando um pouco mais em casa. Às vezes, passo dois ou três dias sem vir. Temos medo do vírus, porque vimos o que ele andou aprontando por aí. Cada organismo reage de um jeito. Se a reação do nosso corpo não é boa, já viu, vamos embora mesmo.

Não tinha jeito, mas agora a vacinação vai ajudar bastante. Pelo menos o povo vai ficar mais tranquilo. Na área de comércio, por exemplo, já vai poder funcionar melhor porque estamos vacinados.

(Agência Estado / Editor executivo multimídia: Fabio Sales / Editora de infografia multimídia: Regina Elisabeth Silva / Editores assistentes multimídia: Adriano Araujo, Carlos Marin e William Mariotto / Designer multimídia: Vitor Fontes / Infografia multimídia: Edmilson Nonato / Reportagem: Iolanda Paz / Edição de texto: Tatiana Gerasimenko / Fotografia: Léo Souza / Edição de vídeo: Bruno Nogueirão / Coordenador da TV Estadão: Everton Oliveira / Especialista de audiência: Daniela Flor)

 

Tanto eu quanto minha família acreditamos no Projeto S. Ficamos muito contentes com o serviço que foi prestado à população de Serrana, foi algo para servir de exemplo. Fiquei surpreendido com a organização e com o trabalho que foi feito. Não fizemos nada acuados, tomamos a vacina conscientes do que estávamos fazendo e acreditando nisso. A sensação é de alívio e de esperança em voltar a sonhar mais rápido. Estou otimista, vamos poder dormir mais tranquilos e voltar um pouco à normalidade. O Instituto Butantan é muito sério para as pessoas duvidarem. Tomem a vacina e se cuidem.


 
 

SAÚDE

Desafogamento do sistema de Saúde

O médico Angel Dario Ariza já constata uma redução no número de atendimentos para casos de covid-19 na UPA da cidade.LÉO SOUZA

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), atendemos todos os casos de síndrome gripal com diagnóstico ou suspeita de covid-19. Não baixamos a guarda, continuamos atendendo da mesma forma. A única mudança é na procura: já podemos observar uma queda na quantidade de pessoas que procuram a UPA. Os casos graves também caíram consideravelmente. Não tivemos nenhum paciente intubado nas últimas semanas.

Fico aliviado não só como profissional de saúde, mas como ser humano e como pai. São pessoas que não estão mais morrendo. Vemos que a ciência e as vacinas estão dando certo. É um alívio para todos. O Projeto S foi uma benção para Serrana, que foi escolhida dentre tantas cidades do País para ser pioneira na pesquisa sobre a vacinação em massa. Esse projeto vai servir como inspiração para outros estudos, a nível nacional e mundial. A população de Serrana pode se considerar privilegiada por fazer parte disso.

Nossa rotina de trabalho está muito mais tranquila."

Angel Dario Ariza, médico e diretor clínico da UPA

Ano passado, nesta época, foi muito preocupante, porque os pacientes já chegavam numa condição muito grave. Vinham com sintomas respiratórios intensos, com muita falta de ar. Não tínhamos tempo de atender todos com calma. Nesse sentido, posso falar que hoje em dia nossa rotina está muito mais tranquila. A preocupação caiu um pouco, com certeza. Mas a prevenção é a base do sucesso e, para esse vírus, não podemos baixar a guarda. Na medida do possível, fiquem em casa. Se precisarem sair, protejam-se.


Vacinar para retomar economia

Otimista, Leila Gusmão aguarda os resultados do Projeto S que serão divulgados pelo Instituto Butantan em maio.LÉO SOUZA

Uma adesão de aproximadamente 96% mostra a vontade de viver da nossa população. Os munícipes acreditaram nesse projeto porque o Instituto Butantan é muito respeitado. O estudo foi chamado de 'Projeto S' justamente porque era secreto, não foi divulgado. Em 2020, fizemos um inquérito epidemiológico para avaliar a transmissão do coronavírus na cidade, além do Censo da Saúde para mapeá-la. Tudo foi organizado pelo Instituto Butantan e nós, como secretaria da Saúde e prefeitura de Serrana, demos suporte. Disponibilizamos oito escolas para a vacinação: cinco municipais e três estaduais.

Já temos uma percepção da queda dos casos graves e acreditamos que seja por causa da segunda dose. Essa análise será feita pelo Instituto Butantan, mas já posso sentir que a queda é expressiva. Estamos confiantes, esperando a conclusão dos resultados. Depois disso, a administração municipal vai reavaliar o Plano São Paulo, seguindo também o que o governador João Doria (PSDB) determinar. Estamos trabalhando em várias vertentes para gerar emprego em Serrana. Enquanto muitas cidades estiverem com restrições, estaremos abertos – dado o expressivo número de pessoas vacinadas acima de 18 anos.

Enquanto muitas cidades estiverem com restrições, estaremos abertos."

Leila Gusmão, vice-prefeita e secretária de Saúde

Neste momento, Serrana está contribuindo para a ciência e para o mundo. Estamos orgulhosos e esperançosos. Mas é importante dizer que, mesmo com a segunda dose, é fundamental usar máscara, higienizar as mãos, evitar aglomerações e sair de casa somente quando necessário. Temos feito uma orientação e fiscalização para impedir aglomeração, por meio da Vigilância Sanitária e da Guarda Civil Municipal (GCM). Espero que outras cidades também sejam contempladas com a vacinação, para que retomem a economia, a educação presencial e a vida social.


 
 

MORADORES

Voluntário por acreditar na ciência

Diego Braga foi vacinado na Escola Estadual Jardim das Rosas, onde estudou o ensino fundamental e médio.LÉO SOUZA

Decidi participar voluntariamente desse projeto do Butantan porque os pesquisadores ainda estão estudando o coronavírus. Tem coisas que ainda não sabemos muito bem, como seus efeitos e sequelas. Foi por livre e espontânea vontade, porque eu acredito na ciência, nos fatos e no SUS.

Nos meses de outubro e novembro do ano passado, carros contratados pela prefeitura anunciaram o Projeto S pela cidade. Passaram de casa em casa, identificando os moradores e questionando se topariam aderir ao estudo como voluntários, caso houvesse a fabricação de uma vacina. Minha família e eu passamos por essa entrevista. Nós fornecemos nossos dados pessoais e manifestamos o interesse de sermos vacinados contra a covid-19.

Acredito na ciência, nos fatos e no SUS."

Diego Braga, advogado, 28 anos

Fui vacinado contra a covid-19 na escola em que estudei. Eu poderia ter escolhido outra, mas optei por ela por ter um carinho enorme. É uma escola que me acolheu na minha adolescência e é uma gratificação saber que ela abriu as portas para esse projeto que vai beneficiar a cidade como um todo.


Máscaras continuam necessárias

Por não poder trabalhar de casa, Guilherme Costa se expôs ao risco do coronavírus.LÉO SOUZA

Monto freio de tratores e viajo bastante pela região por causa do meu trabalho. Na pandemia, o serviço caiu bastante, mas agora parece que está voltando ao normal. Já tive covid-19 e não sei dizer como me infectei, mas talvez tenha sido algum descuido no meu serviço. Resolvi participar do estudo por Serrana ter tido essa oportunidade. O que custa participarmos? Conseguimos tomar a vacina de graça. Acho que não vai fazer mal para ninguém, só nos ajudar.

Temos que ficar de máscara até todos serem vacinados."

Guilherme Costa, mecânico pneumático, 33 anos

Quando todos estiverem imunizados, quero tirar essa máscara. Mas acho que ainda vai demorar um tempo, porque não adianta eu estar imunizado e acabar transmitindo para outra pessoa que ainda não se vacinou contra a covid-19. Temos que pensar em tudo isso. Por causa desse risco, temos que ficar de máscara até todos serem vacinados e termos a certeza de que a doença não fará mal a mais ninguém.


Vacina para todos

Gabriel Talavera cursa técnico em enfermagem e viu seus estudos dificultados com a pandemia.LÉO SOUZA

A sensação de ser vacinado é muito boa, até porque nossa cidade foi privilegiada com esse estudo. Decidi participar do Projeto S porque achei muito interessante. Deveria ter essa oportunidade não só para nós, mas para o Brasil todo. Todos nós acreditamos em um mundo melhor, e esse vírus que estamos enfrentando foi muito ruim. A pandemia afetou um pouco dos meus estudos e trabalho. Não só dos meus, mas de outras pessoas da minha família também.

Deveria ter essa oportunidade não só para nós, mas para o Brasil todo."

Gabriel Talavera, estudante, 21 anos

No ano passado, teve redução de muitas coisas, mas acreditamos em melhorias para o nosso mundo e é isso que estou esperando com a vacinação. De início, senti as pessoas preocupadas por causa de algumas fake news da internet. Mas, no final, grande parte da população participou do projeto – o que foi muito bom, porque precisávamos disso. Estamos pedindo socorro para que tudo isso acabe.


Fila para se vacinar

Arlete Neres Nogueira faz parte do grupo de moradores que têm Serrana como uma 'cidade dormitório'.LÉO SOUZA

Eu trabalho em um carrinho de pipoca no Novo Shopping, em Ribeirão Preto. Está fechado, sem ninguém trabalhando. Estou parada, mas os patrões estão pagando uma parte para nós. Eu tinha bastante medo do coronavírus, ficava em casa e só saía quando precisava mesmo. Ter sido vacinada é um sentimento muito bom. Nos explicaram que, depois da segunda dose, se pegarmos o vírus, pegamos fraquinho.

O povo estava bastante animado para tomar vacina."

Arlete Neres Nogueira, atendente, 36 anos

Minha mãe se vacinou, eu e minha cunhada também. O sol estava bem quente, mas o povo estava bastante animado para tomar vacina. A vacinação começava às 14h da tarde, e teve gente que às 8h da manhã já estava fazendo fila na frente da escola.


Coronavírus era traiçoeiro

Aparecido Donizzete Pedro costumava frequentar a praça principal de Serrana antes da pandemia.LÉO SOUZA

Antes do coronavírus, estávamos sempre aqui na praça central, todo dia. Por causa da pandemia, estamos ficando um pouco mais em casa. Às vezes, passo dois ou três dias sem vir. Temos medo do vírus, porque vimos o que ele andou aprontando por aí. Cada organismo reage de um jeito. Se a reação do nosso corpo não é boa, já viu, vamos embora mesmo.

A vacinação vai ajudar bastante, pelo menos vamos ficar mais tranquilos."

Aparecido Donizzete Pedro, 62 anos

Não tinha jeito, mas agora a vacinação vai ajudar bastante. Pelo menos o povo vai ficar mais tranquilo. Na área de comércio, por exemplo, já vai poder funcionar melhor porque estamos vacinados.


EXPEDIENTE

 Editor executivo multimídia: Fabio Sales / Editora de infografia multimídia: Regina Elisabeth Silva / Editores assistentes multimídia: Adriano Araujo, Carlos Marin e William Mariotto / Designer multimídia: Vitor Fontes / Infografia multimídia: Edmilson Nonato / Reportagem: Iolanda Paz / Edição de texto: Tatiana Gerasimenko / Fotografia: Léo Souza / Edição de vídeo: Bruno Nogueirão / Coordenador da TV Estadão: Everton Oliveira / Especialista de audiência: Daniela Flor

COMÉRCIO

Negócio familiar na praça principal

José Antônio Issa é dono da 'Rô Salgaderia', comércio que fica na praça principal de Serrana.LÉO SOUZA

Sou nascido em Serrana, minha família está na cidade desde 1930. Nossa salgaderia foi fundada em outubro de 1988. Trabalhamos em família e meus filhos hoje estão aqui conosco. Sempre acreditamos no potencial da cidade e ficamos muito felizes com o Projeto S. Sabemos que fomos privilegiados. Quando chego a um lugar e falo que sou de Serrana, a primeira coisa que as pessoas me perguntam é: 'Tomou a vacina?'. Serrana merece muita coisa, estamos torcendo e trabalhando para isso.

No ano passado, nosso negócio sofreu muito – e não só o meu. Com exceção de supermercados, farmácias e postos de gasolina, o comércio todo sofreu muito. Fizemos de tudo para segurar o quadro de funcionários. Para ajudar nos custos, participamos do programa do governo de suspensão de contratos. Comprávamos o que realmente era necessário, mas foi difícil. Ainda estamos trabalhando porque estávamos com o pé no chão e nunca fomos aventureiros. Mas acho que muitos comerciantes não vão aguentar. Torcemos para que o privilégio que tivemos com a vacinação seja para todo mundo.

A sensação é de alívio e de esperança em voltar a sonhar mais rápido."

José Antônio Issa, comerciante, 59 anos

Tanto eu quanto minha família acreditamos no Projeto S. Ficamos muito contentes com o serviço que foi prestado à população de Serrana, foi algo para servir de exemplo. Fiquei surpreendido com a organização e com o trabalho que foi feito. Não fizemos nada acuados, tomamos a vacina conscientes do que estávamos fazendo e acreditando nisso. A sensação é de alívio e de esperança em voltar a sonhar mais rápido. Estou otimista, vamos poder dormir mais tranquilos e voltar um pouco à normalidade. O Instituto Butantan é muito sério para as pessoas duvidarem. Tomem a vacina e se cuidem.


 
 

SAÚDE

Desafogamento do sistema de Saúde

O médico Angel Dario Ariza já constata uma redução no número de atendimentos para casos de covid-19 na UPA da cidade.LÉO SOUZA

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), atendemos todos os casos de síndrome gripal com diagnóstico ou suspeita de covid-19. Não baixamos a guarda, continuamos atendendo da mesma forma. A única mudança é na procura: já podemos observar uma queda na quantidade de pessoas que procuram a UPA. Os casos graves também caíram consideravelmente. Não tivemos nenhum paciente intubado nas últimas semanas.

Fico aliviado não só como profissional de saúde, mas como ser humano e como pai. São pessoas que não estão mais morrendo. Vemos que a ciência e as vacinas estão dando certo. É um alívio para todos. O Projeto S foi uma benção para Serrana, que foi escolhida dentre tantas cidades do País para ser pioneira na pesquisa sobre a vacinação em massa. Esse projeto vai servir como inspiração para outros estudos, a nível nacional e mundial. A população de Serrana pode se considerar privilegiada por fazer parte disso.

Nossa rotina de trabalho está muito mais tranquila."

Angel Dario Ariza, médico e diretor clínico da UPA

Ano passado, nesta época, foi muito preocupante, porque os pacientes já chegavam numa condição muito grave. Vinham com sintomas respiratórios intensos, com muita falta de ar. Não tínhamos tempo de atender todos com calma. Nesse sentido, posso falar que hoje em dia nossa rotina está muito mais tranquila. A preocupação caiu um pouco, com certeza. Mas a prevenção é a base do sucesso e, para esse vírus, não podemos baixar a guarda. Na medida do possível, fiquem em casa. Se precisarem sair, protejam-se.


Vacinar para retomar economia

Otimista, Leila Gusmão aguarda os resultados do Projeto S que serão divulgados pelo Instituto Butantan em maio.LÉO SOUZA

Uma adesão de aproximadamente 96% mostra a vontade de viver da nossa população. Os munícipes acreditaram nesse projeto porque o Instituto Butantan é muito respeitado. O estudo foi chamado de 'Projeto S' justamente porque era secreto, não foi divulgado. Em 2020, fizemos um inquérito epidemiológico para avaliar a transmissão do coronavírus na cidade, além do Censo da Saúde para mapeá-la. Tudo foi organizado pelo Instituto Butantan e nós, como secretaria da Saúde e prefeitura de Serrana, demos suporte. Disponibilizamos oito escolas para a vacinação: cinco municipais e três estaduais.

Já temos uma percepção da queda dos casos graves e acreditamos que seja por causa da segunda dose. Essa análise será feita pelo Instituto Butantan, mas já posso sentir que a queda é expressiva. Estamos confiantes, esperando a conclusão dos resultados. Depois disso, a administração municipal vai reavaliar o Plano São Paulo, seguindo também o que o governador João Doria (PSDB) determinar. Estamos trabalhando em várias vertentes para gerar emprego em Serrana. Enquanto muitas cidades estiverem com restrições, estaremos abertos – dado o expressivo número de pessoas vacinadas acima de 18 anos.

Enquanto muitas cidades estiverem com restrições, estaremos abertos."

Leila Gusmão, vice-prefeita e secretária de Saúde

Neste momento, Serrana está contribuindo para a ciência e para o mundo. Estamos orgulhosos e esperançosos. Mas é importante dizer que, mesmo com a segunda dose, é fundamental usar máscara, higienizar as mãos, evitar aglomerações e sair de casa somente quando necessário. Temos feito uma orientação e fiscalização para impedir aglomeração, por meio da Vigilância Sanitária e da Guarda Civil Municipal (GCM). Espero que outras cidades também sejam contempladas com a vacinação, para que retomem a economia, a educação presencial e a vida social.


 
 

MORADORES

Voluntário por acreditar na ciência

Diego Braga foi vacinado na Escola Estadual Jardim das Rosas, onde estudou o ensino fundamental e médio.LÉO SOUZA

Decidi participar voluntariamente desse projeto do Butantan porque os pesquisadores ainda estão estudando o coronavírus. Tem coisas que ainda não sabemos muito bem, como seus efeitos e sequelas. Foi por livre e espontânea vontade, porque eu acredito na ciência, nos fatos e no SUS.

Nos meses de outubro e novembro do ano passado, carros contratados pela prefeitura anunciaram o Projeto S pela cidade. Passaram de casa em casa, identificando os moradores e questionando se topariam aderir ao estudo como voluntários, caso houvesse a fabricação de uma vacina. Minha família e eu passamos por essa entrevista. Nós fornecemos nossos dados pessoais e manifestamos o interesse de sermos vacinados contra a covid-19.

Acredito na ciência, nos fatos e no SUS."

Diego Braga, advogado, 28 anos

Fui vacinado contra a covid-19 na escola em que estudei. Eu poderia ter escolhido outra, mas optei por ela por ter um carinho enorme. É uma escola que me acolheu na minha adolescência e é uma gratificação saber que ela abriu as portas para esse projeto que vai beneficiar a cidade como um todo.


Máscaras continuam necessárias

Por não poder trabalhar de casa, Guilherme Costa se expôs ao risco do coronavírus.LÉO SOUZA

Monto freio de tratores e viajo bastante pela região por causa do meu trabalho. Na pandemia, o serviço caiu bastante, mas agora parece que está voltando ao normal. Já tive covid-19 e não sei dizer como me infectei, mas talvez tenha sido algum descuido no meu serviço. Resolvi participar do estudo por Serrana ter tido essa oportunidade. O que custa participarmos? Conseguimos tomar a vacina de graça. Acho que não vai fazer mal para ninguém, só nos ajudar.

Temos que ficar de máscara até todos serem vacinados."

Guilherme Costa, mecânico pneumático, 33 anos

Quando todos estiverem imunizados, quero tirar essa máscara. Mas acho que ainda vai demorar um tempo, porque não adianta eu estar imunizado e acabar transmitindo para outra pessoa que ainda não se vacinou contra a covid-19. Temos que pensar em tudo isso. Por causa desse risco, temos que ficar de máscara até todos serem vacinados e termos a certeza de que a doença não fará mal a mais ninguém.


Vacina para todos

Gabriel Talavera cursa técnico em enfermagem e viu seus estudos dificultados com a pandemia.LÉO SOUZA

A sensação de ser vacinado é muito boa, até porque nossa cidade foi privilegiada com esse estudo. Decidi participar do Projeto S porque achei muito interessante. Deveria ter essa oportunidade não só para nós, mas para o Brasil todo. Todos nós acreditamos em um mundo melhor, e esse vírus que estamos enfrentando foi muito ruim. A pandemia afetou um pouco dos meus estudos e trabalho. Não só dos meus, mas de outras pessoas da minha família também.

Deveria ter essa oportunidade não só para nós, mas para o Brasil todo."

Gabriel Talavera, estudante, 21 anos

No ano passado, teve redução de muitas coisas, mas acreditamos em melhorias para o nosso mundo e é isso que estou esperando com a vacinação. De início, senti as pessoas preocupadas por causa de algumas fake news da internet. Mas, no final, grande parte da população participou do projeto – o que foi muito bom, porque precisávamos disso. Estamos pedindo socorro para que tudo isso acabe.


Fila para se vacinar

Arlete Neres Nogueira faz parte do grupo de moradores que têm Serrana como uma 'cidade dormitório'.LÉO SOUZA

Eu trabalho em um carrinho de pipoca no Novo Shopping, em Ribeirão Preto. Está fechado, sem ninguém trabalhando. Estou parada, mas os patrões estão pagando uma parte para nós. Eu tinha bastante medo do coronavírus, ficava em casa e só saía quando precisava mesmo. Ter sido vacinada é um sentimento muito bom. Nos explicaram que, depois da segunda dose, se pegarmos o vírus, pegamos fraquinho.

O povo estava bastante animado para tomar vacina."

Arlete Neres Nogueira, atendente, 36 anos

Minha mãe se vacinou, eu e minha cunhada também. O sol estava bem quente, mas o povo estava bastante animado para tomar vacina. A vacinação começava às 14h da tarde, e teve gente que às 8h da manhã já estava fazendo fila na frente da escola.


Coronavírus era traiçoeiro

Aparecido Donizzete Pedro costumava frequentar a praça principal de Serrana antes da pandemia.LÉO SOUZA

Antes do coronavírus, estávamos sempre aqui na praça central, todo dia. Por causa da pandemia, estamos ficando um pouco mais em casa. Às vezes, passo dois ou três dias sem vir. Temos medo do vírus, porque vimos o que ele andou aprontando por aí. Cada organismo reage de um jeito. Se a reação do nosso corpo não é boa, já viu, vamos embora mesmo.

A vacinação vai ajudar bastante, pelo menos vamos ficar mais tranquilos."

Aparecido Donizzete Pedro, 62 anos

Não tinha jeito, mas agora a vacinação vai ajudar bastante. Pelo menos o povo vai ficar mais tranquilo. Na área de comércio, por exemplo, já vai poder funcionar melhor porque estamos vacinados.


EXPEDIENTE

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