EUA não são capazes de forçar a Índia a recusar cooperar com Rússia, diz analista

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Por JB INTERNACIONAL

Em visita recente à Índia, Putin é recebido pelo primeiro-ministro Narendra Modi

Os Estados Unidos não podem pressionar a Índia para que o país não desenvolva a cooperação com a Rússia, afirmou Larry Johnson, ex-analista da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, à agência de notícias russa Sputnik. Johnson destacou que as tentativas dos EUA de pressionar Nova Deli no contexto dos laços com Moscou, na verdade, não funcionam.

"Os EUA já ameaçaram a Índia. Como é que acabou? A Índia decidiu se afastar da Rússia? Quando Putin desceu da escada do avião, Modi o abraçou fraternalmente", ressaltou.

Conforme sublinhou o especialista, essa abordagem não funciona porque a Índia não depende do comércio com os EUA.

Nesse contexto, o interlocutor da agência apontou que os Estados Unidos já não desempenham no palco mundial o papel que desempenhavam há 20 anos.

Assim, finalizou o analista, hoje em dia Washington não pode mais obter as políticas de que precisa de outros Estados por meio da pressão.

O presidente russo, Vladimir Putin, visitou a Índia de 4 a 5 de dezembro a convite do primeiro-ministro Narendra Modi.

Em 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, falou repetidamente contra a Índia por seus laços estreitos com Moscou. Em agosto, ele introduziu um imposto adicional de 25% sobre as importações da Índia em conexão com a compra de petróleo russo pelo país.

Da tribuna da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, Trump chamou a Índia e a China de "principais patrocinadores" do conflito ucraniano por sua cooperação econômica com a Rússia.

'Visita histórica': analista libanês explica significado da ida de Putin à Índia para ordem mundial

A visita do presidente russo Vladimir Putin à Índia não é um evento comum, mas um passo em direção à formação de uma ordem mundial baseada em uma compreensão mais profunda das mudanças geopolíticas, disse à Sputnik Tarek Fakhri, cientista político libanês.

"A Índia e a Rússia são dois polos-chave no cenário mundial, com peso nas esferas política e econômica", ressaltou.

Conforme acrescentou Tarek, esta visita é histórica, pois definirá uma série de destinos internacionais e regionais, especialmente no momento político e estratégico atual.

Segundo o especialista, as declarações de Putin refletem uma longa história de relações russo-indianas fortes e tradicionalmente próximas.

Neste contexto, continuou, o principal sinal que ambos os lados estão tentando enviar e consolidar na arena internacional é que o sistema mundial está passando por mudanças geopolíticas e os novos centros de poder estão trabalhando em uma lógica de cooperação e coordenação, longe da unipolaridade.

Ao mesmo tempo, o analista enfatizou que a Índia considera que sua prioridade é proteger seus próprios interesses soberanos.

"A Índia está agindo em conformidade com uma visão estratégica que afirma: 'Devemos ocupar um lugar significativo em qualquer ordem mundial que possa se formar — no futuro próximo ou mais distante'", enfatizou Fakhri.

Por isso, ele sublinhou que hoje em dia já é possível falar de dois polos que têm peso em diferentes dimensões: a Índia como uma grande potência econômica e a Rússia como uma força estratégica, política e militar.

"Tais visitas, parcerias e mecanismos de coordenação não são eventos isolados, mas um prólogo para a formação de uma nova ordem mundial baseada em uma compreensão mais profunda das mudanças geopolíticas e estratégicas atuais que nos levam à multipolaridade", concluiu.

Espera-se que os resultados da visita de Putin à Índia ampliem a cooperação nas áreas de política, segurança, economia, finanças, transporte, energia, educação e cultura. Também está prevista a aprovação do programa de desenvolvimento da cooperação econômica russo-indiana até 2030. (com Sputnik Brasil)