Conservadora é eleita 1ª mulher premiê do Japão; Meloni celebra

Takaichi substituirá Shigeru Ishiba, cujo gabinete renunciou

Por JB INTERNACIONAL

Sanae Takaichi foi eleita com 237 votos

O Parlamento do Japão elegeu nesta terça-feira (21) a conservadora Sanae Takaichi como a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra na história do país.

Sua vitória foi impulsionada pela aliança entre o governista Partido Liberal Democrata (PLD), que Takaichi lidera desde o início do mês, e o partido Nippon Ishin (JIP).

A nova chefe de governo obteve 237 votos na Câmara Baixa do Parlamento, superando os 149 recebidos por Yoshihiko Noda, ex-primeiro-ministro e candidato da oposição. A eleição foi definida já no primeiro turno, entre os 465 parlamentares.

Takaichi sucederá Shigeru Ishiba, cujo gabinete renunciou em massa após perder a maioria nas duas casas legislativas no último ano de mandato.

Aos 64 anos, a ex-ministra de Assuntos Internos e figura de destaque da direita japonesa agora enfrentará o desafio de governar sem uma maioria estável, dependendo de alianças pontuais com a oposição para avançar com sua agenda legislativa.

Apesar de apoiar o novo governo, o Nippon Ishin não terá cargos no gabinete, atuando apenas como força consultiva. Uma das primeiras medidas anunciadas por Takaichi foi a aceleração de reformas nas áreas de política externa e defesa, com foco no fortalecimento da aliança com os Estados Unidos.

A nova primeira-ministra defende o aumento dos gastos militares e a revisão de três documentos estratégicos para ampliar a capacidade de defesa do Japão.

Em linha com compromissos anteriores, ela declarou que o país precisará ultrapassar, "mais cedo ou mais tarde", o limite de 2% do PIB em gastos com defesa até 2027, respondendo às crescentes ameaças regionais. O financiamento virá de novas fontes de receita tributária, incluindo impostos corporativos, sobre a renda e o tabaco.

Conhecida por posições conservadoras, Takaichi ainda se opõe a medidas que ampliem os direitos das mulheres, defende a sucessão imperial exclusivamente masculina, rejeita o casamento entre pessoas do mesmo sexo e não apoia a possibilidade de casais adotarem sobrenomes diferentes.

O primeiro compromisso internacional da nova líder deverá ser a participação em uma cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na Malásia, no fim do mês. Em seguida, Takaichi receberá o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em visita oficial ao Japão.

A eleição histórica teve repercussão internacional. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, parabenizou Takaichi pela conquista: "Itália e Japão compartilham valores fundamentais como liberdade, democracia e cooperação para a estabilidade global. Esses princípios formam a base da nossa colaboração, inclusive no G7".

A nova líder japonesa agora inicia uma sessão parlamentar extraordinária de 58 dias, que se estende até 17 de dezembro, período crucial para definir as primeiras diretrizes de seu governo. Ela terá que nomear os membros da nova administração, que serão posteriormente apresentados ao Imperador do Japão em cerimônia oficial de posse.