Gustavo Petro desafia Trump na ONU: 'Os chefes do narcotráfico vivem em Miami'

'Dizem que os mísseis no Caribe eram para deter as drogas. Mentira!', disse o presidente colombiano, em um discurso forte dirigido a Trump

Por JB INTERNACIONAL

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em discurso na ONU nesta terça-feira

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta terça-feira à ONU que abra um “processo criminal” contra seu homólogo norte-americano Donald Trump por dar “a ordem” de atacar supostas embarcações de narcotraficantes no Caribe, onde morreram “jovens pobres” e sem “armas para se defender”.

Nos últimos dias, os Estados Unidos lançaram pelo menos três ações ofensivas contra embarcações que supostamente se dirigiam ao país com drogas vindas da Venezuela, em eventos que, segundo Trump, deixaram pelo menos 14 mortos.

Petro, que suspeita que algumas das vítimas eram colombianas, afirmou que o presidente estadunidense deve ser investigado por permitir “os disparos de armas contra jovens que simplesmente queriam escapar da pobreza”, durante sua intervenção na Assembleia Geral da ONU em Nova York.

O presidente colombiano insistiu que os mortos não eram os grandes chefes dos cartéis, que na verdade “moram” em Miami e “são vizinhos do presidente dos Estados Unidos”.

“Dizem que os mísseis no Caribe eram para deter as drogas. Mentira!”, acrescentou em um discurso forte dirigido a Trump, que na semana passada retirou a Colômbia, principal produtora mundial de cocaína, da lista de países aliados dos Estados Unidos na luta contra as drogas.

Embora não tenha implicado sanções, a retirada da certificação prejudicou a imagem de Petro, a quem Washington culpa por não fazer esforços suficientes para reduzir o número de plantações de drogas no país sul-americano.

Petro, que deixará o poder em 2026, se defende afirmando que seu governo fez as maiores apreensões de cocaína da história e critica os Estados Unidos por não reduzirem a demanda.

“Aqui estão os consumidores”, acrescentou, apontando que Trump supostamente tem assessores que são “aliados há décadas dos chefes do narcotráfico de cocaína na Colômbia”.

Os Estados Unidos são o principal aliado comercial e militar da Colômbia, mas desde a chegada de Trump ao poder, as relações com o governo de Petro se deterioraram devido a divergências em questões como migração e tarifas impostas por Trump. (com AFP)