Viúva diz que Navalny, opositor de Putin, morreu envenenado

Político estava detido na Sibéria por suposto 'extremismo'

Por JB INTERNACIONAL

Líder da oposição russa Alexei Navalny discursa para manifestantes em Moscou (arquivo)

A viúva de Alexei Navalny, principal opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e que morreu em uma prisão na Sibéria em fevereiro de 2024, afirmou nesta quarta-feira (17) que seu marido "foi envenenado".

Em publicação nas redes sociais, Yulia Navalnaya explicou que sua declaração é baseada em análises efetuadas por laboratórios ocidentais. "Conseguimos obter amostras biológicas de Alexei, transferi-las para o exterior e entregá-las a um laboratório em um dos países ocidentais".

Segundo Yulia, "dois laboratórios de dois países diferentes chegaram, de forma independente um do outro, à conclusão de que Alexei foi envenenado".

"Não ficarei em silêncio. Afirmo que Putin é culpado pelo assassinato de meu marido, Alexei Navalny. Acuso os serviços secretos russos de desenvolver armas químicas e biológicas proibidas", denunciou.

Por fim, a viúva exigiu que "os laboratórios que conduziram a pesquisa publiquem seus resultados" e "parem de flertar com Putin por poder".

"Vocês não conseguirão apaziguá-lo. Enquanto permanecerem em silêncio, ele não parará", declarou ela, acrescentando que "a equipe de Navalny também coletou depoimentos de cinco funcionários da colônia penal onde o dissidente morreu, que relataram que ele estava tendo convulsões".

Navalny estava detido em uma remota colônia penal em Kharp, conhecida como "Lobo Polar", localizada no Círculo Polar Ártico.

Ele havia sido condenado a 19 anos de detenção por "extremismo" e apareceu magro e com a cabeça raspada, pouco antes de morrer.

O político foi peça chave nos protestos de 2011 e 2012 na Rússia, que denunciaram fraude eleitoral e corrupção no governo comandado por Putin. O auge de sua trajetória no mundo da política foi em 2013, quando obteve 27% dos votos em uma eleição para prefeito de Moscou.

Considerado uma grande pedra no sapato para o Kremlin, Navalny foi responsável por identificar um suposto palácio construído no Mar Negro para uso pessoal do mandatário russo, bem como mansões e iates utilizadas pelo ex-premiê e ex-presidente Dmitri Medvedev.

Em 2020, Navalny chegou a ficar em coma ao ter sido envenenado com novichok e recebeu tratamento na Alemanha. O político voltou ao seu país natal no ano seguinte, onde foi detido e condenado a várias penas de prisão que totalizariam mais de três décadas atrás das grades.

Em resposta à acusação feita por Yulia, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse não saber "nada sobre essas declarações dela". "Não posso dizer nada sobre elas", respondeu ele, segundo a agência Tass. (com Ansa)