Nas redes sociais, Trump: 'Deixem Bolsonaro em paz'; Lula, com energia: 'Não aceitamos interferência'
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira em publicação em uma rede social, na qual afirma que Bolsonaro é vítima de uma "caça às bruxas", termo que ele usou para se referir ao tratamento que ele mesmo recebeu de oponentes políticos.
Bolsonaro, que foi amigável com Trump no período em que ambos estiveram na Presidência de seus países, é réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de tramar um golpe de Estado após perder a eleição presidencial para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O único julgamento que deve acontecer é o julgamento pelos eleitores no Brasil -- chama-se eleição. DEIXE BOLSONARO EM PAZ!", escreveu Trump.
Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). (com Reuters)
Lula reage com energia: 'Somos soberanos'
Por Henrique Rodrigues - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com extrema energia à intromissão de Donald Trump, seu homólogo norte-americano, no caso judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve ser condenado nos próximos meses a uma pesada pena de prisão por ter empreendido uma tentativa frustrada de golpe de Estado após ser derrotado nas urnas em 2022.
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, escreveu o estadista brasileiro em sua conta oficial na rede X (antigo Twitter).
Após fazer ameaças aos países que se alinharem às "políticas antiamericanas dos Bric" em meio à reunião de cúpula do bloco sob a presidência de Lula, Trump saiu em defesa de Bolsonaro em publicação nesta segunda-feira (7) na Truth Social.
“Estou assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil, isso se chama eleição. Deixe Bolsonaro em paz”, postou o líder da casa branca em seu perfil na rede Truth Social, que é de sua propriedade.
Antes disso, o presidente dos EUA ainda fez outras considerações sobre o extremista brasileiro que é réu no Supremo Trubunal Federal pela fracassada sublevação que conduzir após perder no voto para Lula. Usando o vocabulário enjoativo e habitual de sempre, ele rasgou elogios ao antigo ocupante do Palácio do Planalto.
“Eu conheci Jair Bolsonaro, e ele foi um líder forte, que realmente amava seu país, também um negociador muito duro em comércio... O Brasil está fazendo uma coisa terrível em seu tratamento do ex-presidente Jair Bolsonaro" e que "ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, acrescentou o estadunidense.
“Sua eleição foi muito apertada e agora, ele está liderando nas pesquisas. Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político, algo que eu sei muito sobre! Aconteceu comigo, vezes 10, e agora nosso país é o 'mais quente' do mundo”, falou ainda Trump ao usar um termo que, em termos de sentido, equivale a “ser atraente” no sentido de relações pessoais.
Ministra Gleisi também reagiu
A ministra Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais, foi às redes nesta segunda-feira (7) rebater as declarações de Donald Trump minutos após o presidente dos EUA sair em defesa de Jair Bolsonaro (PL) na rede Truth Social, que pertence ao Media Trump.
"Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro. O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais. Hoje ele responde pelos crimes que cometeu contra a democracia e o processo eleitoral no Brasil", afirmou a ministra.
Gleisi ainda reagiu à declaração de Trump fazendo coro com os apoiadores e o próprio ex-presidente brasileiro que se diz vítima de perseguição. (com Revista Fórum)