MUNDO
Papa apela contra devastação do meio ambiente por causa de lucro
Por JB INTERNACIONAL
[email protected]
Publicado em 19/01/2024 às 11:19
Alterado em 19/01/2024 às 13:27
O papa Francisco voltou a apelar a favor do meio ambiente nesta sexta-feira (19) e pediu que a população mundial pare de devastá-lo "com uma lógica mortal de lucro".
O apelo foi feito durante audiência com representantes da população afetada pelo rompimento da barragem de Vajont, atualmente desativada, ao lado do Monte Toc, próximo do norte de Veneza, que vitimou mais de duas mil pessoas em 1963. Na ocasião, ela era uma das maiores barragens do mundo.
"A água é útil e humilde, mas tornou-se terrível e destrutiva no caso de Vajont, ou inacessível para muitos que hoje, no mundo, sofrem de sede ou não têm água potável", explicou Francisco.
Segundo o líder da Igreja Católica, as pessoas precisam de um "olhar contemplativo e respeitoso de São Francisco para reconhecer a beleza da criação e saber dar a ordem certa às coisas, para deixar de devastar o meio ambiente com uma lógica mortal de ganância e colaborar fraternalmente no desenvolvimento da vida".
"Vocês fazem isso preservando a memória e testemunhando como a vida pode ressurgir ali mesmo, onde tudo foi engolido pela morte", acrescentou o argentino, fazendo referência ao oitavo centenário da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco.
O Santo Padre alertou ainda que "a ganância destrói, enquanto a fraternidade constrói", portanto, "o cuidado da criação não é um simples fator ecológico, mas uma questão antropológica".
"Tem a ver com a vida do homem, tal como o Criador a concebeu e dispôs, e diz respeito ao futuro de todos, da sociedade global na qual estamos imersos. E vocês, diante da tragédia que pode surgir da exploração do meio ambiente, testemunham a necessidade de cuidar da criação", afirmou ele.
Jorge Bergoglio destacou que isso é essencial hoje, principalmente porque "a casa comum está desmoronando, e a razão pela qual é mais uma vez a mesma: a ganância pelo lucro, um delírio de ganho e posse que parece fazer o homem sentir-se onipotente".
"É um grande engano, porque somos criaturas e nossa natureza nos pede para nos movermos no mundo com respeito e com cuidado, sem cancelar, mas preservando o sentido do limite, que não representa redução, é possibilidade de plenitude", disse.
Por fim, o líder da Igreja Católica destacou que o que causou a tragédia de Vajont "não foram erros no projeto ou na construção da barragem, mas o próprio fato de querer construir uma bacia artificial no lugar errado".
"E por que tudo isso? Em última análise, por ter colocado a lógica do lucro antes do cuidado com o homem e com o meio em que vive; de modo que, se a sua onda de esperança é movida pela fraternidade, aquela onda que trouxe o desespero foi causada pela ganância. Quem não sabe construir o limite não pode avançar", concluiu ele "de improviso". (com Ansa)