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Israel suspende ministro que sugeriu bomba atômica e tomada de território em Gaza

Declaração incomodou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não pela intenção genocida, mas pela exposição da política sionista do Estado judeu

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 06/11/2023 às 11:20

Alterado em 06/11/2023 às 11:20

Reprodução/Times of Israel O ministro da Herança e Relações de Israel, Amihai Eliyahu

O ministro da Herança e Relações de Israel, Amihai Eliyahu, foi suspenso das reuniões governamentais, neste domingo (5), após afirmar que "uma das possibilidades" para a resolução do conflito contra o grupo Hamas seria o lançamento de uma bomba atômica sobre a Faixa de Gaza.

Na mesma entrevista, concedida à Radio Kol Berama, Eliyahu mostrou-se contrário ao oferecimento de assistência humanitária em Gaza e defendeu a tomada do território palestino em detrimento à população residente na região, ao ressaltar que, segundo ele, "Gaza não teria direito de existência".

Quando o jornalista apontou que isso implicaria um alto preço para Israel, Eliyahu deu a entender que estava disposto a colocar em perigo a vida dos mais de 240 reféns mantidos pelo Hamas no território: “Numa guerra, um preço tem de ser pago. Porque é que as vidas dos reféns (…) são mais importantes do que as dos nossos soldados?”, disse ele.

A declaração incomodou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não por seu radicalismo e eventual crime de guerra, mas pelo sincericídio. O premiê já vem promovendo genocídio e limpeza étnica "velados" em seus ataques retaliatórios, bombardeando Gaza sem se preocupar com civis árabes ou os reféns israelenses, mas a forma em que Elyahu expôs o pensamento sionista poderia gerar uma perda ainda maior de apoio internacional.

Para manter a imagem de 'vítima de terrorismo', a equipe de Netanyahu reagiu rapidamente e denunciou as declarações como “desconectadas da realidade”. Disse que "o Exército israelense faz todo o possível para evitar atacar não combatentes em Gaza", acrescentou. A declaração, entretanto, vai de encontro com os números de mortos e feridos, além da destruição de escolas, hospitais, universidades e até comboio de ambulâncias.

Ministro se justifica

Posteriormente, em suas redes sociais, Eliyahu, disse que “qualquer pessoa inteligente" notaria "que a afirmação sobre um átomo é metafórica”. Ainda assim, ele defendeu que Israel precisa de uma resposta “poderosa e desproporcionada ao terrorismo, que deixe claro aos nazis e aos seus apoiadores que o terrorismo não vale a pena”, se referindo a guerra.