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Heloisa Tolipan

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Reinações de Lea T.

A sensação Lea T., nossa best, desfilando para a Blue Man, do eterno homem azul, sim criador cabeça-guia David Azulay, navegador das águas da moda-praia carioca, falecido em 2009. O que mais a gente poderia querer? Ver Sharon Azulay assumir a direção geral da grife? Vimos! Ver Thomaz Azulay assinando o estilo? Vimos. E foi bonito o nosso encontro no backstage. Estávamos lá quando Lea chegou por uma entradinha secreta do píer, carregando a linda bolsa Givenchy, presente de Ricardo Tisci para a temporada carioca. Depois do “oi, querida”, entramos com Lea no camarim exclusivo que ganhou. Ela conferiu os looks que desfilaria. A gente deu um clique, claro, e conversamos sobre os dias de estrela, fotografando com Terry Richardson e ocupando uma penthouse no Copacabana Palace. “É bem pequeninho o biquíni, mas vou treinando para posar nua!”, disparou Lea, aos risos – ela há seis meses nos contou sobre o projeto de fazer uma operação para troca de sexo na Tailândia. “Querida, está sabendo da campanha que o Fashion Rio está apoiando, Rio, sem preconceito?”. Resposta: “Acho ótimo. Já sofri na pele e é hora de a gente gritar. Tem algo mais bonito do que a diversidade, pluralidade?”. Lindo, Lea. E você, que mora em Milão e cruza passarelas do mundo, pode seguir em frente sabendo: ‘we love you’!

Deixar o Verão para mais tarde nunca foi a lógica da Blue Man. À beira completar seus 40 aninhos na próxima estação, o clima de dias claros sempre se mostrou ser um charme da grifes mais pé no chão, ou melhor, mais pé na areia da cidade. Tudo azul na história super bem-sucedida nas ruas do Rio? Nem sempre. Uma vírgula, uma queda, a falta imensa. Seguir com as saudades de David Azulay, a cabeça, o traço e coração da grife parecia inviável. Até que, da queda, um passo novo de dança. A falta do pai e do tio resumiu-se à força da garra, do abraço e das lágrimas que derramamos juntos, assim que fui cumprimentar Sharon Azulay e Thomaz Azulay e desejar o sucesso visto na passarela para a próxima estação. Lembranças, saudades e tudo de mais bonito e criativo que o afeto traz. Aliás, tão belo quanto a leveza e a simplicidade de modelos que cresceram no foco das minhas páginas e hoje, nos reflexos das vitrines e dos hábitos das moças pelo mundo,  sorriso de menina se conserva além da maturidade de mulher. Ana Beatriz Barros, Juliana Imai e a vontade de ir embora e deixá-las se arrumarem, onde estava? Ali, com certeza, não era. Na saída, a promessa a elas da boca e a certeza nas ações: rumo à fila A.   

Blue Man

Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Nunca um ditado foi tão oportuno como no incidente protagonizado pela veteraníssima Ana Cláudia Michels, na passarela da Blue Man. Após a queda, a diva pôde contar, literalmente, com a mãozinha amiga da top Ana Beatriz Barros. Depois do susto, os aplausos da plateia e a saída triunfal de Michels que, cá entre nós, pode ir ao chão quantas vezes for: sua beleza, sinônimo de elegância e sofisticação, estará sempre em alta. Aliás, momentos de pura intensidade não faltaram no desfile, como o jeans repaginado nos biquínis que sempre foram marca registrada da grife carioca. E, claro, o êxtase generalizado com a entrada final de Lea T. entre Thomaz Azulay, diretor de estilo, e Sharon Azulay, diretora-geral. A maior tendência do Verão 2012 da Blue Man? A emoção.

Ágatha

A menina Ágatha chegou devagarinho, com a casa toda arrumada de branco, que nem os seus primeiros looks. Sabe a superstição, que todo mundo tem, de usar branco no Ano Novo para que a nova fase venha com tudo e em paz? Assim foi a estreia da marca carioca. Os volumes, vestidos e shorts balonês, que sempre estão nas vitrines dos principais shoppings da cidade, também apareceram por lá, junto do trabalho em crochê e macramê – quem não se apaixonou pelo trabalho nas sandálias gladiadoras? A passarela branca foi realçada por nudes, tons de marrom e um lindo tom de verde forte.

R. Groove

Foram os elementos que mais definem os rapazes carioca que inspiraram o menino do Rio, Rique Gonçalves, nessa coleção: o próprio Verão, o surf e a natureza tão nossa. O desfile tinha o clima do Posto 6 de Copacabana às 6 da manhã, com chapéus de pescador em meninos muito bem vestidos e coloridos, com shorts e bermudas mais curtos e amplos combinados com camisetas em todas as cores do arco-íris que aparece depois da chuva de Verão. As listras-uniforme de qualquer marinheiro chegaram por cima da foto de uma praia paradisíaca, como se fosse dada uma espiada pelas frestas da janela da casa de praia.

Coven

O último Verão da Prada veio até os trópicos para encontrar o seu mix de listras infinitas e estampas rococó, mas a estilista Liliane Rebehy preferiu ir até a Índia para achar a sua mistura certeira. Os elaborados desenhos das tatuagens de henna se transformaram em estampas paetizadas sobre os pontos do tricô, material alicerce da grife, e foram combinados com a padronagem mania da temporada, dentro e fora da passarela, as listras. Se a silhueta dos tops era justa, a série de vestidos franjados vinha para dar movimento à coleção e, como nem só de paetês se vive, os fios de lurex davam o brilho extra necessário.