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França encerra buscas por destroços do AF 447 e resgata 29 corpos

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Recife - O representante do governo francês junto aos familiares do voo AF 447, diplomata Philippe Vinogradoff, informou nesta terça-feira que os trabalhos da tripulação e equipes técnicas do navio Ile de Sein passou a ser apenas para a retirada dos corpos das vítimas do desastre aéreo. Segundo comunicado emitido por ele, o resgate das peças do Airbus A330 da Air France já foram concluídos. Desde o dia 21, foram retirados 27 corpos do mar que, somados aos dois do dia 5 de maio, totalizam 29.

O comunicado do governo francês estabeleceu o compromisso de que na próxima sexta-feira as primeiras informações sobre as circunstâncias em que ocorreu o acidente serão divulgadas primeiramente para os representantes dos familiares. O comunicado deixa claro que a sequência de eventos que resultou na queda do avião será descritiva, "sem qualquer análise dos fatos e menos ainda das causas".

O trabalho para a determinação das causas, conforme o diplomata, requer uma análise complexa para se chegar a recomendações de segurança que serão feitas pelo Birô de Investigações de Acidentes (BEA). A determinação das responsabilidades do acidente são de competência da investigação judiciária. Maarten Van Slyus, dirigente da Associação dos Familiares do Voo 447 no Brasil, espera ter mais notícias sobre o estado dos corpos que não forem retirados. "A Justiça francesa estabeleceu um critério vago de retirar apenas os corpos que estivessem em condições e não sabemos o que é isso", afirmou.

Ele espera ver um ponto final no drama dos familiares que não puderam sepultar seus parentes mortos. "Agora vamos poder enterrar nossos mortos ou saber que nunca poderemos fazê-lo", disse. A associação também aguarda providências para a coleta de DNA dos familiares visando a identificação dos corpos. Slyus disse que a coleta de material vai requerer uma operação de logística considerável, uma vez que o voo transportava pessoas de 32 nacionalidades, entre elas 58 brasileiros, 73 franceses e 26 alemães.

Maarten Van Slyus também aguarda com ansiedade o comunicado do BEA sobre as circunstâncias do acidente e vê com desconfiança as notícias que começam a vazar pelos veículos de imprensa em todo mundo, que levantam suspeitas sobre a responsabilidade dos pilotos. "De certa forma, começam a dizer que os pilotos não conseguiram resolver os problemas, mas se a sonda pitot não tivesse dado problema, nada precisaria ser resolvido", ressaltou. A sonda pitot era o instrumento utilizado pela aeronave para realizar medições, apontado com passível de falhas pela própria Airbus.

O acidente do AF 447

O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.

Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.

Dados preliminares das investigações feitas pela França mostraram que falhas dos sensores de velocidade da aeronave, conhecidos como sondas Pitot, parecem ter fornecido leituras inconsistentes e podem ter interrompido outros sistemas do avião. As sondas permitem ao piloto controlar a velocidade da aeronave, um elemento crucial para o equilíbrio do voo. Mas investigadores deixaram claro que esse seria apenas um elemento entre outros envolvidos na tragédia. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores - até então feitos pela francesa Thales - por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.