Damas - Uma fossa comum foi descoberta nesta segunda-feira em Deraa, principal centro do movimento de protesto contra o regime do presidente Bashar al-Assad, no sul da Síria, onde todas as comunicações estão cortadas há várias semanas, indicou à AFP um ativista dos Direitos Humanos.
"Hoje (segunda-feira) o Exército autorizou os habitantes a saírem de suas casas durante duas horas por dia", disse Amar Qurabi, da Organização Nacional para os Direitos Humanos na Síria, que falou à AFP do Egito.
"Encontraram uma fossa comum na cidade antiga, mas as autoridades instalaram imediatamente um perímetro de isolamento ao redor da zona para impedir os habitantes de procurarem corpos, prometendo que seriam entregues mais tarde", acrescentou.
Para Qurabi, o regime sírio deve assumir a total responsabilidade pelos crimes cometidos contra cidadãos "desarmados".
Além disso, o ativista pediu à comunidade internacional e à sociedade civil que pressionem o regime sírio pelo fim da "repressão brutal" contra a população.
Qurabi disse não saber quantas pessoas estão enterradas na fossa comum.
O Exército ocupou Deraa, situada a 100 quilômetros de Damasco, em 25 de abril, para acabar com os protestos que começaram em 18 de março antes de iniciar uma retirada em 5 de maio.
Segundo organizações de defesa dos Direitos Humanos, pelo menos 700 pessoas morreram na Síria desde o início da rebelião, várias centenas apenas em Deraa.
Cerca de 8.000 pessoas foram detidas ou são consideradas desaparecidas.
Dois meses após o início dos movimentos, no dia 15 de março, os protestos não diminuem e a repressão continua.
Várias personalidades dissidentes associadas ao movimento de protesto foram liberadas, entre elas o opositor Riad Seif.
No entanto, segundo a organização americana Human Rights Watch, o regime agora persegue os familiares dos opositores políticos e dos defensores dos Direitos Humanos.
Segundo a ONG, em alguns casos, as forças de segurança prenderam parentes e vizinhos de opositores do regime do partido Baath para conseguirem novas informações.
Os opositores, que no começo exigiam o término do estado de sítio e da supremacia do partido Baath, pedem agora a queda do regime.
No domingo, pelo menos dez pessoas foram mortas pela força de segurança síria que havia "bombardeado indistintamente quatro bairros" de Tal Kalaj, 150 km a oeste de Damasco e próximo ao Líbano, disse à AFP um militante dos direitos humanos.
No Líbano, uma síria foi morta no domingo e outras cinco pessoas foram feridas, entre elas um soldado libanês, por tiros disparados da Síria, quando dezenas de moradores fugiam a pé de Tal Kalaj.
Mais tarde uma menina também foi ferida por disparos quando se encontrava em sua casa próxima da fronteira.
Segundo uma fonte do serviço de segurança libanesa, um guarda fronteiriço sírio fugiu de seu país e morreu devido a seus ferimentos quando chegou ao Líbano.
Na segunda-feira, dezenas de refugiados que sairam de Tal Kalaj protestaram pela queda do governo.
"A população quer a queda do regime", gritava a multidão reunida do lado libanês em Al Moqayya, por onde passam centenas de sírios desde sexta-feira.