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Conselho Executivo do FMI aprova repartição de voto benéfico ao Brasil

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Agência EFE

WASHINGTON - O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou nesta sexta-feira, uma nova fórmula para a repartição do poder no organismo que beneficia o Brasil na América Latina, embora seja muito mais modesta do que o exigido pelos países em desenvolvimento. A nova equação dá ao país 1,72% do voto total no seio da maior instituição financeira pública do mundo, contra 1,41% de antes do processo de reforma.

O México ganha apenas 0,04 ponto percentual, e vai para 1,47%, pois seu voto já subiu com pequenas mudanças na repartição de poder aprovadas na Assembléia que o FMI realizou em Cingapura, em outubro de 2006.

Por outro lado, a nova fórmula tira influência no organismo ao resto dos países latino-americanos grandes, o que levou a Argentina a se abster hoje na votação no Conselho Executivo. O Egito fez o mesmo, enquanto Rússia, Irã e Arábia Saudita, que são países que também perdem cota, se declararam contra a medida.

As nações latino-americanas pequenas melhoram levemente sua posição, porque a reforma prevê um aumento do chamado 'voto básico', outorgado a todos os membros por igual, sem importar o tamanho de sua economia.

A nova equação representa a mudança mais importante na distribuição do poder no fundo desde sua fundação em 1944, mas os países em desenvolvimento se queixam que o organismo não reflete a importância econômica que eles adquiriram no mundo nas últimas décadas. No total, as nações industrializadas transferirão apenas 2,7% do voto aos países em desenvolvimento, incluindo as mudanças aprovadas em Cingapura.

As capitais das nações avançadas continuarão com as rédeas do FMI na mão, pois manterão 57,9% do voto total, segundo cálculos de um alto funcionário do organismo, que não quis ser identificado.

O acordo feito nesta sexta-feira, só foi possível porque os países emergentes, liderados pelo Brasil, decidiram aceitar a cessão de poder, por pequena que ainda lhes pareça, como algo melhor que nada.

Dominique Strauss-Khan, diretor-gerente do FMI, reconheceu em entrevista coletiva que a nova fórmula não reflete ainda a realidade econômica do mundo, mas destacou que a alternativa era que não se aprovasse nenhuma modificação.

- Este é um primeiro passo e outros ainda virão. Não havia nenhuma outra forma de avançar - disse o ex-ministro francês.

Essas razões não aplacaram os que reivindicavam uma reviravolta profunda na instituição financeira, como a organização humanitária Oxfam.

- A reforma acarreta pouco mais que manter o status quo para alguns países e um revés para a maioria - disse Liz Stuart, uma representante desse organismo.

O maior beneficiado com a nova fórmula será a China, que obterá 3,81% do voto total, seguida pela Coréia do Sul e Índia. Cederão poder Reino Unido e França em particular, que ficarão com 4,29% do voto cada um. Os Estados Unidos manterão os 16,73% do voto que têm e que dá poder de veto sobre as decisões mais importantes do Fundo, as quais requerem 85% dos votos.

Pequenas nações européias sobre-representadas, os países produtores de petróleo, França e Reino Unido se opunham a uma redistribuição mais aguda do poder, segundo fontes do Conselho Executivo.

Os ministros de Economia e governadores dos bancos centrais dos países-membros deverão votar a proposta até o dia 28 de abril, embora o resultado já seja previsto, visto que seus representantes já deram seu sinal verde no Conselho.

Posteriormente se abrirá um processo de ratificação formal das mudanças da 'Carta Magna' do FMI, após o qual a nova fórmula entraria em vigor no dia 31 de outubro, segundo o organismo.

Nos próximos anos se revisará a definição das variáveis que compõem a fórmula, destacou Strauss-Kahn. No entanto, os elementos fundamentais da equação estarão de novo firmemente estabelecidos, como nos últimos 60 anos.