Agência EFE
PEQUIM - A China enviará um primeiro contingente de engenheiros à região sudanesa de Darfur, que preparará o terreno para a chegada das tropas da ONU e da União Africana (UA), prevista para janeiro de 2008, embora ainda existam dúvidas sobre a data.
O anúncio foi feito hoje em Pequim pelo subsecretário-geral para a Manutenção da Paz da ONU, o francês Jean-Marie Guéhenno, depois de se reunir com as autoridades chinesas, das quais conseguiu o compromisso de envio dessa unidade na sexta-feira e de uma futura ampliação da sua contribuição às forças de paz das Nações Unidas.
O conflito étnico e político de Darfur, iniciado em 2003, deixou 200 mil mortos e 2,5 milhões de refugiados.
A missão chinesa 'é muito importante para nós, porque as unidades de engenharia têm um papel fundamental para facilitar a mobilização de outras unidades', disse Guéhenno.
Esta unidade será formada por 315 engenheiros que realizarão trabalhos de perfuração de poços, e construirão um hospital de campanha, informou o jornal 'China Daily'.
O envio desse primeiro contingente pode melhorar a imagem da China, muito criticada por sua recusa em apoiar sanções contra o regime de Cartum. O Sudão é um de seus maiores fornecedores de petróleo.
- Existem muitas razões pelas quais um país envia tropas de paz, mas para nós o que interessa são os resultados - afirmou Guéhenno.
O subsecretário explicou que o envio dos 26 mil soldados das tropas conjuntas para substituir os 7 mil da Missão de Paz da UA em Darfur (AMIS) presentes na região ainda representa um 'enorme desafio'.
- As negociações políticas ainda precisam avançar de forma decisiva, e a situação em Darfur é muito difícil, por isso é necessário enviar uma missão firme se quisermos mudar as coisas - segundo o funcionário da ONU.
Embora o Conselho de Segurança tenha fixado o prazo até o fim de 2007, as reservas de Cartum em aceitar tropas estrangeiras e a falta de compromisso dos países envolvidos representam um risco para a missão.
- Depende da vontade dos Estados-membros de que há uma capacidade adicional para desdobrar estas unidades. Por isso restam dúvidas se a missão em Darfur poderá ser enviada em janeiro. Estou preocupado que exista uma brecha entre as expectativas e a missão que realmente será possível enviar - disse Guéhenno.
A África do Sul pediu aos países mais desenvolvidos que enviem os equipamentos necessários (unidades de terra, 18 helicópteros de transporte e outros 6 para objetivos táticos), após quatro anos de negociações nos quais tinham expressado enorme preocupação pelo conflito em Darfur.
A União Européia anunciou na segunda-feira que o envio de sua missão ao Chade e à República Centro-Africana, cujo objetivo é proteger e atender os refugiados de Darfur, será adiado porque os soldados estão trabalhando em outros conflitos, como o do Afeganistão.