REUTERS
PADANG BAKUNG, INDONÉSIA - Amedrontados com novos terremotos, moradores da ilha indonésia de Sumatra se encolheram na sexta-feira dentro das tendas armadas nos quintais de casas destruídas pelo violento tremor desta semana. Mais de 40 sismos secundários foram sentidos em dois dias.
A agência meteorológica do país emitiu na sexta-feira mais um alerta sobre tsunamis, após um novo tremor violento em Sumatra. O alerta, porém, foi suspenso cerca de uma hora depois.
Desde o tremor principal na quarta-feira, com magnitude 8,4, são registrados outros movimentos menores, com magnitudes de 4,9 a 7,8, que provocam repetidos alertas de tsunami, num país ainda traumatizado pelo tsunami de dezembro de 2004.
O sismólogo Mike Turnbull, da Universidade Central de Queensland (Austrália), disse que o excesso de alertas pode gerar uma certa complacência da população.
- O problema é que são terremotos imensos, (que) tinham toda a capacidade de gerar um grande tsunami - afirmou.
Moradores de duas áreas da província de Bengkulu relataram à Reuters a ocorrência de tsunamis após o terremoto de quarta-feira. Cerca de 100 casas foram danificadas por uma onda de três metros em Serangai, 70 quilômetros ao norte da cidade de Bengkulu, mas sem deixar vítimas.
- De repente, ouvi o barulho da água vindo, parecia preta. Aí disse para todo mundo correr - disse o agricultor Johan, 60 anos, que como muitos indonésios usa um só nome. Ele contou que a maioria das pessoas já havia se refugiado em áreas mais altas após o tremor.
Algumas casas foram arrastadas por cerca de 10 metros pela água. Troncos e galhos bloqueiam a principal rua do lugar.
A aldeia de Padang Bakung, duas horas de viagem ao sul de Bengkulu, também sofreu um tsunami que levou até meio metro de água para dentro das casas, que ficam a cerca de 60 metros da costa.
- Temos uma sirene, mas ela não funciona devido à falta de luz após o tremor - disse Marsan, chefe da aldeia, acrescentando que de qualquer forma o alarme só seria ouvido num raio de 100 metros.
Rustam Pakaya, diretor do centro de crises do Ministério da Saúde, em Jacarta, disse que 14 pessoas morreram e 56 ficaram feridas na região desde quarta-feira.
Os novos tremores causaram pânico entre milhares de pessoas instaladas em acampamentos improvisados. Elas usam lanternas e lampiões de querosene, e fazem fogueiras à noite para se aquecer.
No hospital de Bengkulu, principal centro de atendimento para as vítimas de quarta-feira, pacientes tiveram de ser transferidos para tendas no jardim.
O tremor de quarta-feira foi o mais forte registrado este ano no mundo.
O especialista Turnbull disse que a região deu sorte de escapar de um tsunami como o que matou 280 mil pessoas em vários países da África e da Ásia em 2004, depois de um tremor de magnitude 9 na mesma região.
Os terremotos dos últimos dias foram sentidos também em Cingapura, Malásia e Tailândia.
Terremotos são frequentes na Indonésia, arquipélago localizado no chamado 'Círculo de Fogo do Pacífico', que fica na confluência de várias placas tectônicas.