Agência EFE
LAGOS - O início de uma greve de dois dias em protesto contra o mal funcionamento das últimas eleições foi dominado hoje por uma tranqüilidade incomum na capital econômica da Nigéria, Lagos.
- Decidimos usar os dias de hoje e amanhã para que o povo mostre que não está contente com o desenvolvimento do último pleito, afirmou o secretário-geral do Congresso Nigeriano dos Trabalhadores, John Odah.
Os organizadores do protesto - uma coalizão de partidos da oposição, organizações pertencentes à sociedade civil e sindicatos - defendem que os trabalhadores fiquem em casa na véspera da posse do novo presidente e no dia da cerimônia, que será realizada na terça-feira.
Os engarrafamentos freqüentes em Lagos desapareceram nesta segunda-feira, enquanto os escritórios, bancos e escolas ficaram fechados.
A grande presença policial pôde ser notada em toda a cidade, com os agentes prontos para agir com a máxima força contra os possíveis manifestantes, como prometeram fazer caso ocorra algum protesto não-autorizado.
No entanto, os motivos para tanta tranqüilidade não estão claros, já que o Governo organizou para hoje e amanhã uma festa pública nacional por ocasião da posse do novo presidente, Umaru Yar'Adua.
Além disso, a greve também foi ofuscada por um repentino aumento de 15% no preço do petróleo por parte do Governo do presidente em fim de mandato, Olusegun Obasanjo, que na terça-feira passará o poder para Yar'Adua após governar o país por oito anos.
É a oitava alta do petróleo desde 1999, quando Obasanjo chegou à Presidência.
Odah disse que os trabalhadores se reunirão para discutir sua reação ao aumento, que irritou os cidadãos e prejudicou o ambiente prévio à cerimônia de posse.
Os observadores locais e internacionais disseram que o desenvolvimento do pleito ficou longe dos padrões aceitáveis, uma conclusão a que os partidos da oposição apelaram para pedir a repetição da votação.
A Nigéria, o país mais povoado da África, com 140 milhões de habitantes, vive um momento histórico com este processo eleitoral, pois é a primeira vez que um governante eleito democraticamente passa o poder a outro também escolhido pelas urnas.