Agência Brasil
PORTO PRÍNCIPE - A missão de paz no Haiti vai estender-se por mais quatro anos de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas. O vice-representante do secretário-geral da ONU no Haiti, o brasileiro Luís Carlos da Costa, explicou que este tempo mínimo é considerado ideal em função das experiências anteriores em outras missões, como a do Timor Leste, onde se avalia que a retirada prematura do apoio estrangeiro pode causar a desestabilização do país.
- As necessidades do Haiti são tão grandes que é preciso um acordo da comunidade internacional para muitos anos de apoio. O comprometimento da comunidade internacional tem que ir além de quatro anos comenta Costa.
O diplomata diz que a presença da missão depende de autorizações periódicas do Conselho de Segurança da ONU. Ele lembra ainda que a previsão de permanência não significa a estimativa de que o efetivo militar, atualmente com 7 mil homens, seja mantido. Costa cita o exemplo do plano de reforma da Polícia Nacional Haitiana, que prevê trabalhos até 2011, a fim de dobrar o efetivo.
- O projeto de reforma da polícia é de cinco anos, então obviamente o país não terá a capacidade de assumir todas as suas responsabilidades na área de segurança antes de quatro anos. No momento em que quadros da polícia podem assumir responsabilidades específicas, nós podemos começar a nos retirar -, explica Costa.
Outra preocupação é a capacidade do Estado para enfrentar os desastres naturais, aos quais a região é vulnerável. O Haiti fica na chamada rota dos furacões , que têm se intensificado nos últimos anos, com o aquecimento global, o que o transforma num país vulnerável. O diplomata considera que a aceitação do trabalho da missão de paz por parte da população passa por uma boa fase, com a pacificação recente de bairros como Cité Soleil. Ele reconhece que a expectativa pela retomada do desenvolvimento permanece.
- Todos buscam maiores oportunidades de emprego, educação para suas famílias e melhorias na saúde e saneamento público e isso não é responsabilidade direta da ONU. O que podemos fazer é contribuir para o clima de estabilidade permita o desenvolvimento em tais áreas comenta.
Segundo Costa, o governo haitiano lidera o processo de elaboração de um plano de desenvolvimento do país, em diálogo com a comunidade internacional e conta que já existe um projeto de governo de desenvolvimento, e uma determinação para que a comunidade internacional dê seu aval ao mesmo.