ASSINE
search button

Novo seqüestro agrava semana crítica para o Governo Uribe

Compartilhar

Agência EFE

BOGOTÁ - O seqüestro de um sueco agravou uma das semanas mais difíceis para o Governo colombiano desde o começo do segundo mandato de Álvaro Uribe, que nesta sexta-feira, reiterou seu empenho em resgatar as pessoas que continuam nas mãos da guerrilha.

- Vamos resgatar (a ex-candidata presidencial) Ingrid Betancourt e os outros compatriotas que estão em cativeiro com ela-, garantiu Uribe em cerimônia em uma escola policial de Bogotá.

As declarações do presidente praticamente coincidiram com a notícia de um novo seqüestro no país, que estragou a alegria produzida pela fuga de um policial que permaneceu quase nove anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

O sueco Erin Larsson, que mora na Colômbia, foi levado junto a sua companheira, a colombiana Diana Patricia Peña, na quarta-feira passada em uma região do norte do país, mas a notícia foi divulgada hoje.

O grupo que os seqüestrou ainda não foi identificado. - Oficialmente, não temos nenhuma informação sobre os autores do seqüestro-, disse hoje à agência Efe Manuel Vicente Jiménez, chefe de imprensa do Governo de Córdoba, o departamento (estado) onde o caso aconteceu.

Se eles tiverem sido levados pelas Farc, como apontam as suspeitas não confirmadas, o número de reféns do maior grupo guerrilheiro do país aumentará para 58.

Esse número caiu de 57 para 56 com a fuga do policial John Frank Pinchao, que depois de passar 17 dias vagando pela floresta foi encontrado na terça-feira por companheiros da força.

Pinchao fugiu em 28 de abril de uma base guerrilheira em uma região de floresta do departamento de Vaupés, na fronteira com o Brasil, e foi encontrado na terça-feira passada em Mitú, capital regional.

O ex-refém deu notícias sobre Betancourt, que também tem nacionalidade francesa, e sobre Clara Rojas, seqüestradas em 2002 quando eram candidatas à Presidência e à Vice-Presidência da Colômbia, respectivamente.

- É bom que o Governo da França saiba que Ingrid não é mantida com conforto e em um hotel de cinco estrelas, e sim em um estado de escravidão-, disse hoje Uribe.

Pinchao, seqüestrado em 1º de novembro de 1998, também dividiu o cativeiro com os americanos Keith Stansell, Thomas Howes e Marc Gonsalves, além de um ex-senador e sete policiais.

- Aqui não tem joguinhos-, disse Uribe depois de confirmar à França e aos Estados Unidos que a Colômbia continuará tentando resgatar os reféns.

O presidente ratificou assim a via para o retorno dos reféns que defendeu desde que assumiu seu primeiro mandato de quatro anos, em agosto de 2002, embora tenha se aberto a um acordo humanitário exigido pelas Farc, sob condições que o grupo guerrilheiro rejeita.

Uribe não cedeu à exigência dos rebeldes de retirar tropas de dois povoados próximos à cidade de Cali para negociar o acordo, nem a sua pretensão de que sejam entregues em seus acampamentos os mais de quinhentos de presos que esperam trocar pelos reféns.

O presidente reafirmou há uma semana a proposta de libertar um "numeroso grupo' de guerrilheiros presos, mas as Farc a rejeitaram na quinta-feira por considerá-la como uma 'farsa'.

- Não vamos negociar com 'Raúl Reyes' (porta-voz internacional dos rebeldes) e companhia, mas também não vamos poupar esforços para libertar' todos os seqüestrados no país, assegurou.

Uribe assumiu a mesma postura firme perante os outros fatos que agitaram esta semana o Governo: as denúncias de escutas ilegais por parte da Polícia e as acusações de ter ligações com os paramilitares feitas contra o vice-presidente Francisco Santos e o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos.

O Governo concluiu que os grampos telefônicos foram feitos por efetivos da Direção de Inteligência da Polícia Nacional (Dipol) e que tinham como alvos ex-paramilitares, mas também funcionários do Estado, políticos da oposição e jornalistas.

- Uma coisa é grampear alguém que atenta contra a segurança da pátria na Colômbia e no estrangeiro com a autorização legal prévia, e outra é grampear o telefone de um jornalista ou de um político que exerçam suas liberdades-, admitiu Uribe.

Após superar este escândalo, o Executivo enfrentou o suscitado por Salvatore Mancuso, ex-chefe máximo das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), com suas acusações contra os primos Santos.

Uribe pediu que seja feita uma diferenciação entre os que foram conversar com os paramilitares por - uma gestão humanitária ou por uma coação insuperável- e que os que o fizeram por cumplicidade.