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Israel intensifica ofensiva e conflitos internos continuam em Gaza

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Agência EFE

GAZA - Oito palestinos morreram nesta sexta-feira nos ataques aéreos israelenses à Faixa de Gaza, e outros dois como conseqüência dos enfrentamentos entre Hamas e Fatah, em uma espiral de violência que não dá sinais de acabar.

Diante da situação, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pediu à secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao ministro de Assuntos Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que pressionem Israel para que ponham fim aos ataques aéreos, disse Nabil Abu Rudeina, porta-voz de Abbas.

Rudaina afirmou que a Presidência palestina condenou duramente nesta sexta-feira as operações israelenses, pois 'o perigoso agravamento (da violência) leva a uma maior instabilidade na região'.

Esta nova onda de enfrentamentos entre palestinos e israelenses começou na terça-feira passada, quando a milícia do Hamas disparou cerca de 20 foguetes contra o sul de Israel, em uma tentativa de exteriorizar o conflito interno com o movimento rival, o Fatah, que custou até agora as vidas de mais de 50 palestinos.

Na quarta-feira, uma segunda onda de ataques com foguetes, totalizando 38, segundo o Exército, gerou uma dura crítica ao Governo do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, por parte da opinião pública e da oposição nacionalista de direitas, o que o levou a ordenar uma ofensiva aérea.

Desde então, foram cerca de 15 ataques concretos executados por Israel contra alvos do Hamas em diferentes partes de Gaza, sem incluir os realizados contra lançadores de foguetes no norte desta faixa mediterrânea.

Nesta ofensiva, acompanhada de uma incursão de tropas de terra de algumas centenas de metros e 'sem fins ofensivos', segundo o ministro da Defesa, Amir Peretz, morreram 16 palestinos, a maioria do braço armado do Hamas, as Brigadas de Izz al-Din al-Qassam.

Um dos últimos bombardeios aconteceu esta tarde no bairro Sheikh Raduan, na Cidade de Gaza, sem que até o momento tenha sido informada a existência de vítimas. Testemunhas disseram que helicópteros israelenses atacaram um veículo que circulava pelo bairro, reduto dos islamitas do Hamas, nas proximidades de uma posição de seu braço armado.

O Exército israelense confirmou o ataque e afirmou que o veículo era usado para transportar armas. Algumas horas antes, três militantes islâmicos morreram nesse mesmo bairro em circunstâncias parecidas, e outras 12 pessoas ficaram feridas, entre elas vários civis.

Testemunhas relataram que este primeiro veículo circulava ao lado de uma posição das Brigadas de Izz al-Din al-Qassam e que diversos transeuntes ficaram feridos.

Em outro bombardeio, a Força Aérea disparou três foguetes contra um grupo de milicianos islâmicos nas proximidades de uma escola do Hamas que estava vazia.

Além disso, morreu nesta sexta-feira em um hospital de Gaza uma mulher que ficou ferida nesta quinta-feira em um bombardeio israelense.

Em reunião com altos comandantes militares, Peretz ordenou hoje ao Exército que 'mantenha o ritmo ofensivo' contra o Hamas, tanto em operações contra 'infra-estruturas terroristas' como contra "comandos que se dirijam a lançar foguetes', informa a edição eletrônica do jornal israelense 'Yedioth Ahronoth'.

Desde a terça-feira passada, 106 foguetes caíram em território israelense, um deles na noite de quinta-feira a algumas centenas de metros de Olmert, que visitava Sderot, cidade mais atingida por estes ataques.

A ministra de Exteriores israelense, Tzipi Livni, propôs em reunião hoje com diplomatas credenciados, em Tel Aviv, a possibilidade de que a comunidade internacional envie um contingente a Gaza, disseram fontes diplomáticas.

Esta seria a possível saída para uma situação que se repete periodicamente desde que Israel deixou a Faixa de Gaza, em setembro de 2005.

Além dos oito mortos nos ataques israelenses de hoje, e à mulher que estava hospitalizada, perderam a vida outros dois palestinos em enfrentamentos internos.

Trata-se de um pescador que foi morto em uma zona militar fechada próxima à residência de Mahmoud Abbas, em Gaza, aparentemente num tiroteio.

A outra vítima fatal foi um civil que tentava impedir o seqüestro de um agente da Segurança Preventiva palestina, leal a Abbas.

A frustrada tentativa de seqüestro por parte de milicianos islamitas deu lugar a um tiroteio com familiares do agente, leal ao Fatah, no qual morreu um primo seu.

Em um outro seqüestro, desta vez com sucesso, um grupo de islamitas na Cidade de Gaza capturou Adbel Salam Abu Askar, de aproximadamente 40 anos e diretor local da emissora de TV de Abu Dhabi.

Abu Askar, o primeiro jornalista árabe seqüestrado em Gaza, foi interceptado em um controle de milicianos do Hamas nas cercanias de sua casa.

Jornalistas locais disseram à Efe que o seqüestro pode estar relacionado com o fato de Abu Askar ser também assessor de imprensa e amigo pessoal do conselheiro de Segurança Nacional da ANP, Mohammed Dahlan.

Além disso, milicianos do Hamas seqüestraram hoje na Cidade de Gaza um alto funcionário do Fatah, informaram fontes da segurança palestina.

O seqüestrado é o diretor do escritório de Abdullah al-Efranji, membro do Conselho Revolucionário do Fatah, disseram as fontes.

Há dois meses está seqüestrado também em Gaza o jornalista britânico Alan Johnston, da 'BBC'.