Agência EFE
GAZA - O secretário de Estado de Assuntos Exteriores da Noruega, Raymond Johansen, tornou-se hoje o primeiro diplomata europeu a se reunir em Gaza com o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ismail Haniyeh, desde o início do boicote da comunidade internacional ao Governo palestino.
Johansen disse ter esperança de que todos os países europeus sigam os passos da Noruega e anunciou que será retomada a ajuda econômica do Estado europeu ao povo palestino, suspensa desde que o movimento islâmico Hamas chegou ao poder, em março de 2006, após vencer as eleições de janeiro.
A Noruega, que não é membro da União Européia (UE), anunciou o reconhecimento e o estabelecimento de relações com o novo Governo palestino poucas horas após este Executivo ter prestado juramento em Gaza e em Ramala, na Cisjordânia, no último sábado.
"Acho que o programa político do Governo (palestino) cumpre as condições da comunidade internacional', afirmou Johansen aos jornalistas em Gaza.
O diplomata norueguês também conversou com o ministro de Assuntos Exteriores palestino, Ziad Abu Amr.
As condições do Quarteto de Madri (ONU, Estados Unidos, UE e Rússia) que o novo Governo deveria cumprir são o reconhecimento do Estado de Israel e dos acordos assinados anteriormente com o Governo judeu e a renúncia à violência.
Johansen pediu a Israel que volte a transferir para a ANP o dinheiro que o país arrecada como agente de retenção de impostos e taxas alfandegárias, fundos que deixaram de ser encaminhados ao Governo da organização palestina quando o movimento islâmico assumiu o poder.
Após agradecer a visita, Haniyeh, do Hamas, pediu ao secretário de Estado de Assuntos Exteriores da Noruega, que patrocinou os Acordos de Oslo de 1993 entre palestinos e israelenses, que transmita sua mensagem de gratidão aos dirigentes de seu país pelo reconhecimento do novo Executivo.
No domingo, o primeiro-ministro palestino disse estar 'muito otimista' com as perspectivas do Governo que dirige.
Em linhas gerais, a nova coalizão, que começou a trabalhar efetivamente no domingo, foi recebida com boa vontade por grande parte da comunidade internacional.
Vários países europeus qualificaram o novo Governo de um passo na direção certa e outros afirmaram que têm a intenção de negociar com os ministros que não façam parte do Hamas.
Os EUA também disseram que estão dispostos a dialogar com o ministro das Finanças, Salam Fayyad, do Partido da Terceira Via.
Já Israel frisou que não pretende negociar com o novo gabinete e o vice-primeiro-ministro do país, Shimon Peres, pediu aos parceiros do Estado judeu que se mantenham firmes em exigir que as condições do Quarteto de Madri sejam cumpridas.
O Exército e os serviços de inteligência israelenses apóiam o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, em sua recusa a dialogar com o novo Governo palestino, segundo a edição de hoje do jornal "Ha'aretz'. Apesar disso, políticos da esquerda israelense pediram ao Governo que reconsidere sua posição.
Além disso, 56% dos israelenses são favoráveis às negociações com o novo gabinete palestino, segundo uma pesquisa divulgada hoje pelo instituto independente Dachaf.