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Putin e Bento 16 discutem relação entre católicos e ortodoxos

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REUTERS

CIDADE DO VATICANO - O presidente russo, Vladimir Putin, e o papa Bento 16 encontraram-se pela primeira vez na terça-feira, quando discutiram as sempre complicadas relações entre o Vaticano e a Igreja Ortodoxa Russa.

Os dois se reuniram por 25 minutos no estúdio pontifício do Palácio Apostólico do Vaticano. Falaram em alemão na maior parte do tempo, mas ocasionalmente recorreram a tradutores.

Em alemão, o papa desejou a Putin 'uma calorosa acolhida no Vaticano', e recebeu dele um ícone. O Vaticano divulgou nota qualificando o encontro de cordial e positivo.

Putin, que encaixou a visita em sua passagem de 24 horas pela Itália, sabe que o papa, de 79 anos, gostaria de visitar a Rússia, mas que isso precisaria da bênção do patriarca ortodoxo Alexiy 2o.

De maneira significativa, Putin transmitiu cumprimentos de Alexiy, disse o porta-voz presidencial Alexei Gromov a agências russas de notícias.

O papa João Paulo 2o, morto em 2005, havia recebido convites dos ex-presidentes Mikhail Gorbachev (ainda da URSS) e Boris Yeltsin, mas nunca fez a viagem devido às difíceis relações com a Igreja Ortodoxa.

Desde o fim da União Soviética, em 1991, a Igreja Ortodoxa Russa acusa a Igreja Católica de usar a recém-adquirida liberdade de pregação para lhe tirar fiéis. O Vaticano nega.

Sergei Prikhodko, assessor de Putin para assuntos externos, disse a jornalistas antes da reunião que 'o presidente defende uma melhoria nas relações entre as duas Igrejas'. Mas descartou que Putin estivesse negociando uma reunião do papa com o patriarca. 'Não há intermediários no diálogo entre as Igrejas', disse Prikhodko.

A Igreja Russa é a mais poderosa entre as várias Igrejas Ortodoxas do mundo, que se separaram do Cristianismo ocidental no Grande Cisma de 1054.

- A questão mais importante para nós é se há melhorias nas relações entre as Igrejas - disse um importante clérigo ortodoxo, o metropolita Illarion, à agência russa RIA-Novosti.

Ele descreveu Putin como sendo 'um verdadeiro crente, que dedica muita atenção à Igreja (Ortodoxa) e que sempre ouve a opinião do patriarca'.

O Vaticano disse em nota que Putin e o papa também discutiram o Oriente Médio, 'o extremismo e a intolerância'.

Antes da visita, Putin se encontrou com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, ex-comunista como o chefe do Kremlin. Mais tarde, jantou com o primeiro-ministro Romano Prodi.

Na quarta-feira, os dois líderes se encontram novamente em Bari (sul), onde assinam acordos sobre temas como energia, serviços bancários e adoção de crianças russas.