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Potências da ONU aceitam preparar resolução contra o Irã

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REUTERS

LONDRES - Seis potências mundiais decidiram nesta segunda-feira trabalhar em uma nova resolução do Conselho de Segurança contra o programa nuclear do Irã, mas mantiveram o compromisso de buscar também uma solução negociada, segundo autoridades britânicas. Ainda na segunda-feira, o chanceler russo, Sergei Lavrov, se dizia preocupado com os rumores cada vez mais frequentes de uma ação militar norte-americana contra Teerã. A Grã-Bretanha, que recebeu a reunião envolvendo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha) mais a Alemanha, disse que as seis potências manterão novos contatos ainda nesta semana.

- Tivemos uma produtiva primeira discussão dos próximos passos. Começamos a trabalhar em uma nova resolução do Conselho de Segurança - disse John Sawers, diretor político da chancelaria britânica.

- Também consideramos como melhor abordar de novo o Irã. Estamos todos comprometidos com a busca por uma solução negociada - disse.

Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse que os EUA "continuam trabalhando com seus aliados para encontrar formas de esclarecer" se o Irã está desenvolvendo armas nucleares, o que seria "um resultado inaceitável para a comunidade internacional".

Mas Snow disse que os EUA consideram a recente negociação diplomática que levou a um acordo nuclear com a Coréia do Norte como um possível molde para uma negociação com o Irã, país que nega a intenção de desenvolver armas nucleares. A tensão a respeito do Irã manteve o dólar cotado acima de 61 dólares por barril, enfraqueceu o dólar e elevou a procura por títulos considerados mais seguros e pelo ouro. A retórica vai ficando mais tensa de ambos os lados. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse não haver 'freio nem marcha a ré' no programa atômico do país, o que levou a secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, a afirmar que Teerã precisaria de um "botão de parar" para seu programa.

O Irã desrespeitou na semana passada um ultimato da ONU para suspender as atividades de enriquecimento de urânio, o que levou à possibilidade de mais sanções internacionais ao programa. O vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, afirmou que a opção militar não está descartada, o que levou o vice-chanceler iraniano a declarar que seu país está preparado para a guerra. Não foram divulgados detalhes sobre a reunião em Londres, mas é quase certo que uma nova rodada de sanções inclua a proibição de viagens para autoridades ligadas ao programa atômico e restrições a negócios não-nucleares.

A revista New Yorker disse que os EUA têm um plano que lhes permitiria atacar o Irã num prazo de 24 horas após uma eventual ordem do presidente George W. Bush. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, desmentiu o artigo, dizendo que falava também em nome de Washington ao dizer recentemente que não havia planos militares. A chanceler britânica, Margaret Beckett, disse que o Irã está trilhando 'uma rota perigosa', mas que o Ocidente ainda pretende negociar.

Em Teerã, o governo insistiu que as exigências ocidentais para a suspensão do enriquecimento são "ilegais e ilógicas".

- Está em contradição com a dignidade da nação iraniana - disse Gholamhossein Elham, porta-voz do governo, em entrevista coletiva. - Estamos prontos para preservar nossos direitos legais por meio de negociações.