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Movimento Revolucionário Tupac Amaru estaria se reativando

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EFE

LIMA - Dez anos depois do seqüestro na residência do embaixador japonês em Lima, os remanescentes do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) tentam se reativar e retomar a luta armada, segundo um relatório de inteligência. O MRTA foi derrotado militar e politicamente em 22 de abril de 1997, quando seu último líder em liberdade, Néstor Cerpa, morreu, junto com 13 de seus seguidores, na residência do embaixador japonês em Lima, onde o grupo manteve 72 pessoas seqüestradas durante 126 dias.

Após o seqüestro, e com a prisão dos demais chefes do grupo terrorista, o MRTA ficou desarticulado e seus poucos membros em liberdade passaram à clandestinidade ou fugiram do país. No entanto, um relatório publicado hoje pelo jornal 'El Comercio' afirma que, dez anos depois, Os 'emerretistas' iniciaram uma "intensa atividade' e que usam a Bolívia e o Chile como bases de apoio. As cidades bolivianas de La Paz e Cochabamba seriam as principais bases do grupo.

Em 13 de novembro, a Corte Suprema da Bolívia autorizou a detenção com fins de extradição da peruana Elizabeth Aida Ochoa, que havia sido condenada pela Justiça do seu país a oito anos de prisão por cumplicidade no seqüestro do empresário Samuel Doria, em 1995 pelo MRTA. Em 19 de outubro, a Corte Suprema do Chile acatou um pedido da Justiça peruana para abrir um processo de extradição contra o professor Raúl Paiva, dirigente dos refugiados peruanos no Chile.

Paiva, que vive no Chile desde 1992, é acusado no Peru de integrar o MRTA, embora afirme que esteja sofrendo uma perseguição por parte do presidente peruano, Alan García, a quem denunciou em junho perante os tribunais chilenos. Essa ação judicial, também apresentada pelo dirigente peruano Rodolfo Noriega, acusava o governante de ser responsável por violações dos direitos humanos durante seu primeiro Governo (1985-1990) e foi finalmente rejeitada pela Justiça chilena. O relatório da inteligência indica que, desde 2004, o MRTA 'veio dando sinais claros de que iniciaria um processo de recomposição, tanto em suas bases como em seus comandantes dirigentes'.

Segundo as fontes, a recomposição coincidiu com sua "anexação à Coordenadora Continental Bolivariana (CCB)" uma organização supostamente patrocinada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que 'se proclama como um grupo internacional que reúne organizações latino-americanas que ainda estão na luta armada'.

Os 'emerretistas' trabalham na criação do 'Capítulo Peru' da CCB, através do Grupo Micaela Bastidas, e buscam a libertação de seus militantes presos, a difusão de sua ideologia, alianças com outros grupos radicais do continente e desenvolver bases de apoio.

O 'El Comercio' afirma que os dirigentes também tentam criar o Movimento Pátria Livre, que esperam constituir como um partido legal. A Direção contra o Terrorismo da Polícia peruana informou que em 4 de novembro deteve em Lima dois universitários que realizavam duas pichações que faziam alusões ao aniversário do MRTA. Estes jovens seriam integrantes do Movimento de Libertação 19 de julho, organização vinculada ao MRTA. O jornal afirma que o grupo "não conta ainda com a capacidade de pôr em risco a estabilidade do país", mas que teria emitido um comunicado no qual enfatiza que "novamente" está "em condições de continuar a luta revolucionária".

Em 21 de março, a Justiça peruana condenou o líder e fundador do MRTA, Víctor Polay, e Miguel Rincón, outro líder do grupo, a 32 anos de prisão. Junto a eles foram condenados outros líderes do movimento, que foram processados durante quinze meses pela justiça civil, em cumprimento de uma ordem do Tribunal Constitucional (TC). O MRTA, que iniciou suas ações em 1984, foi considerado pela Comissão da Verdade e Reconciliação responsável por 1,5% das mais de 69 mil mortes em decorrência dos conflitos internos no Peru entre 1980 e 2000.