EFE
MOGADÍSCIO - A União de Tribunais Islâmicos (UCI) convida todos os muçulmanos a se unirem à guerra santa (jihad) na Somália caso o Conselho de Segurança da ONU suspenda o embargo de armas, disse nesta terça-feira o secretário-geral da organização em uma manifestação.
- Convocamos todos os muçulmanos do mundo a participar da 'jihad'. Permitimos que entrem em nosso país e serão bem-vindos, caso o Conselho de Segurança da ONU suspenda o embargo da entrada de armas na Somália - declarou Yousef Mohammed Siad, mais conhecido como Indha'adde, durante uma manifestação anti-etíope na capital somali.
Indha'adde ameaçou diretamente o Exército do país vizinho, afirmando que de 'Galkayo a Baidoa haverá túmulos etíopes'.
- Somos independentes - disse o presidente da UCI, Sharif Sheikh Ahmed -, não podemos aceitar a ocupação etíope, não somos nenhum risco para a Etiópia nem para nenhum outro país'.
Os Tribunais Islâmicos incitaram os estudantes de Mogadíscio do sul do país, áreas sob seu controle, a abandonarem a educação e para participar ativamente da 'jihad' contra a Etiópia.
Na manifestação da UCI, havia um grande número de mulheres com AK-47 e de crianças com pistolas.
As mulheres, cobertas com véus e levantando seus fuzis Khalashnikov, gritavam palavras de ordem anti-etíopes.
Enquanto isso, as milícias islâmicas asseguram que seus efetivos em Bandiradley, uma pequena cidade a 60 quilômetros da fronteira com a região semi-autônoma de Puntlândia, entraram em conflito com as forças etíopes. Os dois lados chegaram a disparar mísseis.
Um dos porta-vozes da UCI, Mohammed Momahoud Jumale, confirmou a informação.
"As forças etíopes bombardearam nossos homens em Bandiradley com 12 mísseis e nós reagimos com outros 12', disse Jumale, explicando que a distância que separa os lados inimigos é de dois quilômetros e que 'a guerra é iminente'.
A atual situação na Somália indica que a guerra está a ponto de ser deflagrada e pode afetar de forma alarmante toda a região do Chifre da África.
O ministro da Informação etíope, Berhan Hailu, por sua vez, disse ontem à noite na televisão nacional que a 'Etiópia está em uma situação em que deve se defender, agora que os líderes fundamentalistas estão agindo na Somália'.
Berhan Hailu pediu união a seu povo e acrescentou que, desde que os esforços de paz de seu país haviam sido 'descaradamente'
rechaçados, a Etiópia 'tem a obrigação de defender sua soberania e desenvolvimento, exercendo seus direitos'.
O ministro fez essas declarações dois dias antes da apresentação da minuta da resolução dos EUA ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. O documento pede o envio de tropas da Autoridade Inter-Governamental para o Desenvolvimento (IGAD, na sigla em inglês) à Somália.