Reuters
LA PAZ - Milhares de indígenas bolivianos, que chegaram na terça-feira a La Paz após longas marchas pelo país, obtiveram do presidente Evo Morales a promessa de que ele fará a reforma agrária por decreto, caso a oposição continue bloqueando a aprovação do projeto no Senado.
Mas Morales afirmou que não pode cumprir a reivindicação indígena de que o Senado, onde a oposição tem uma pequena maioria, seja fechado.
O encontro de Morales com os indígenas, que passaram quatro semanas nas estradas que levam a La Paz, pareceu reforçar o governo diante do bloqueio da oposição e dos comitês cívicos regionais contrários à 'revolução agrária' e a outras reformas.
- Não é possível muita terra em poucas mãos e muitas mãos sem terra - disse Morales ao convocar um diálogo imediato com os comitês cívicos que ameaçam paralisar várias regiões se o governo não desistir da reforma agrária e de um projeto de fiscalização dos governadores regionais.
- Não temos nenhum medo de firmar um decreto para acabar com o latifúndio - acrescentou Morales. - Se não for feita legalmente a recuperação de terras ociosas, seguramente os movimentos sociais vão justificar a ocupação de terras - alertou.
O presidente não fez menção à Assembléia Constituinte, onde a oposição de centro e de direita declarou greves de fome para rejeitar as regras impostas pela maioria governista.
Morales, que passou por La Paz entre uma viagem à Holanda e outra a Nigéria e Cuba, se encontrou com os indígenas na praça San Francisco, tradicional local de protestos na cidade-sede do governo boliviano.