EFE
PEQUIM - Os representantes de China, Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul já estão em Pequim para preparar o reatamento do diálogo multilateral sobre o desarmamento nuclear norte-coreano, suspenso há um ano, período no qual o regime de Pyongyang fez seu primeiro teste atômico.
Os negociadores sul-coreano, Chun Yung-woo, e americano, Christopher Hill, chegaram hoje à capital chinesa, onde o representante japonês, Kenichiro Sasae, já está desde a noite deste domingo.
Segundo fontes do Governo japonês, o enviado norte-coreano, Kim Kye-gwan, poderia chegar a Pequim na terça-feira, o que não foi confirmado pelo Governo chinês, mas que, se realmente ocorrer, cinco representantes dos seis países que formam o diálogo se encontrarão em Pequim, faltando apenas o da Rússia.
- Estamos abertos a nos reunir com o negociador norte-coreano, disse Hill em sua chegada ao aeroporto de Pequim, respondendo sobre uma possível reunião bilateral entre os principais protagonistas da crise.
Hill afirmou que a previsão para esta terça-feira era de se reunir primeiro com o negociador chinês, Wu Dawei, e que, assim como sua visita da semana passada, seu objetivo é 'garantir que tudo esteja extremamente bem preparado e pronto para a retomada do diálogo'.
China e EUA anunciaram que a Coréia do Norte tinha aceitado retornar à mesa de diálogo em 31 de outubro, após uma reunião de três partes em Pequim.
O diálogo foi suspenso há um ano, período em que o regime de Pyongyang fez um lançamento de mísseis, em julho, e seu primeiro teste nuclear, em outubro, o que desencadeou uma crise mundial e poderia provocar uma escalada da tensão na região.
A Coréia do Norte abandonou o diálogo quando os EUA congelaram US$ 24 milhões de entidades financeiras ligadas ao regime norte-coreano, acusadas pelo Governo americano de lavagem e falsificação de dinheiro para a compra de armas não convencionais.
Para seu retorno à mesa de negociações, o regime de Pyongyang exigiu que os EUA suspendessem as sanções. Em outubro, após o teste e as sanções impostas pela ONU à Coréia do Norte, Hill disse que Washington estava disposto a negociá-las.
Os analistas chineses estão otimistas em relação ao reatamento em dezembro, mas não sobre os possíveis avanços.
"Possivelmente, o diálogo será retomado entre 10 e 20 de dezembro', previu Shi Yinhong, catedrático de Política Internacional da Universidade Popular de Pequim.
Durante a possível reunião de terça-feira, 'os cinco devem conversar entre si para reduzir as divergências', disse o catedrático, acrescentando que, no entanto, 'a atitude da China não é muito óbvia'.
A China, principal aliado e fornecedor da Coréia do Norte, revelou hoje que suspendeu suas exportações de combustível em setembro, antes do teste nuclear, e as retomou em outubro, segundo a Administração Geral de Alfândegas.
A suspensão de setembro gerou uma tensão diplomática que provocou na Coréia do Norte a vontade de mostrar sua força nuclear ao mundo, sentindo-se ameaçada pelos EUA e sua aliança com o Japão e a Coréia do Sul, principais afetados pela crise.
Desde o início do diálogo, em 2003, a China sustentou que seu interesse é manter a paz e a estabilidade na região e o desmantelamento do arsenal norte-coreano, objetivo anunciado na declaração conjunta assinada pelos seis países em 19 de setembro de 2005, antes da suspensão das conversas.
- A Coréia do Norte usará seu poderio nuclear para exigir dos EUA que suspendam as sanções. Tanto o regime americano como o norte-coreano tentarão ceder, visando a conseguir o apoio político da China, acredita o catedrático Shi.
No entanto, Shi considera que - a situação ainda é muito difícil, porque a Coréia do Norte já se declarou um Estado nuclear e, por isso, não haverá muitos avanços na próxima rodada.
Diante da crise de fome endêmica iminente no regime norte-coreano, o jornal 'Rodong Sinmun' dizia hoje que 'as armas invencíveis são as mais valiosas riquezas para a prosperidade nacional, com o que nada se compara