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Morales pode fazer reforma agrária por decreto

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Reuters

LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, pode deixar o Congresso de lado para fazer a reforma agrária, disse um senador governista na segunda-feira.

A 'revolução agrária' prometida por Morales irrita muitos latifundiários, especialmente no leste da Bolívia, a parte mais rica do país. Senadores de direita estão boicotando as sessões para impedir sua aprovação.

- Se a oposição mantiver seu bloqueio, o governo vai emitir um decreto presidencial para reverter a posse nula ou ilegal de terras por parte de alguns grandes latifundiários - disse José Pimentel, senador do Movimento ao Socialismo, o partido de Morales, a jornalistas.

O presidente pretende distribuir terras improdutivas ou ilegalmente adquiridas para agricultores e indígenas pobres. Quatro dos nove governadores de Departamentos se opõem à reforma agrária, além dos senadores da oposição, que são maioria na Casa.

O projeto foi aprovado neste mês na Câmara, mas está desde a semana passada parado no Senado. A oposição abandonou as sessões devido a uma disputa com o governo a respeito das regras de votação na Assembléia Constituinte, que funciona paralelamente ao Congresso.

Centenas de pessoas do Departamento de Santa Cruz, reduto da oposição na fronteira com o Brasil, protestaram na semana passada contra a reforma agrária. Ao mesmo tempo, quatro colunas com milhares de camponeses pobres marchavam em direção a La Paz para apoiar o projeto.

Santa Cruz é o motor econômico da Bolívia e seu coração agrícola -- produz soja, cana e arroz, principalmente. Muitos produtores da região temem que suas terras sejam expropriadas.

Alguns analistas dizem que os planos de Morales alimentam tensões econômicas e raciais entre a maioria indígena, que vive principalmente no Altiplano, e a elite branca, mais concentrada no leste.

Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia, foi eleito em dezembro de 2005 com 54 por cento dos votos, maior apoio a qualquer presidente nos últimos 25 anos.