Reuters
WASHINGTON - O Oriente Médio está à beira de três guerras civis - no Iraque, em Israel e no Líbano - e a comunidade internacional precisa tomar ações urgentes, advertiu no domingo o rei da Jordânia. Abdullah disse que 'algo dramático' precisa sair do encontro entre o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, nesta semana em Amã para brecar a violência no Iraque, que está saindo de controle.
- Acho que não estamos em posição de voltar e revisitar o problema no começo de 2007 - disse ao programa 'This Week', da ABC.
Mas os EUA também precisam ver 'o cenário geral' e tentar encontrar soluções abrangentes para o Oriente Médio, envolvendo todos os participantes da região, acrescentou Abdullah, indicando que Síria e Irã devem ser envolvidos.
- Estamos jogando com forte potencial de três guerras civis na região; sejam os palestinos, o Líbano ou Iraque - afirmou o rei da Jordânia.
- Poderíamos imaginar 2007 com três guerras civis nas nossas mãos. E por isso é hora de tomarmos um passo realmente firme como parte da comunidade internacional e evitar uma tremenda crise no Oriente Médio que vejo possibilidade de ocorrer em 2007 - acrescentou.
Com o Iraque próximo de uma guerra civil aberta, o governo Bush está renovando os esforços para romper o ciclo de violência e procurando ajuda de países árabes moderados. O vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, acaba de voltar de uma visita à Arábia Saudita para debater o Oriente Médio, e Bush e Maliki se encontram em Amã na quarta e na quinta-feira. Abdullah espera que Maliki apresente a Bush idéias de como reunir os diversos grupos do Iraque:
- Eles precisam fazer isso agora porque obviamente, como estamos vendo, as coisas estão começando a sair de controle... há necessidade de alguma ação muito forte lá.
Bush evitou até agora a participação pessoal em processos de paz no Oriente Médio, conforme fizeram seus antecessores, mas isso pode mudar. Abdullah também está preocupado com o Líbano, onde o recente assassinato de um político anti-Síria reativou os temores de violência entre facções. Mas afirmou que o conflito entre israelenses e palestinos continua sendo o 'principal tema emocional' do Oriente Médio. A Jordânia tem o maior número de palestinos fora da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
O rei advertiu que, se não houver um processo de paz regional nos próximos meses, 'não haverá nada para se falar' e que o Oriente Médio pode enfrentar mais uma ou duas décadas de violência. Questionado se a Síria e o Irã deveriam ser incluídos em uma conferência internacional sobre o Oriente Médio, ele disse:
- O problema é que a América precisa olhar o quadro total. Não somente um assunto. Continuo dizendo que Palestina é o centro. Está ligada à dimensão do que está acontecendo no Iraque. Tem relação com o que está acontecendo no Líbano. Tem relação com temas envolvendo os sírios. Então, se quiser algo abrangente, é preciso reunir todas as partes da região - completou.