AFP
JABALIYA (Faixa de Gaza) - Grupos armados palestinos violaram neste domingo um cessar-fogo assinado sábado entre a Autoridade Palestina e Israel, ao disparar foguetes contra o Estado hebreu pouco depois de sua retirada da Faixa de Gaza.
No entanto, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, afirmou que Israel mostrará "moderação nos próximos dias" para dar "uma oportunidade ao cessar-fogo assinado na véspera com os palestinos".
- Vamos mostrar moderação necessária nos próximos dias (...) Precisamos ter paciência para dar uma oportunidade ao cessar-fogo - declarou Olmert na inauguração de uma escola na localidade beduína de Rahat, ao Sul de Israel.
O ministro israelense da Defesa, Amir Peretz, havia advertido porém, pouco antes, que Israel retomaria suas operações militares na Faixa de Gaza caso os disparos de foguetes palestinos continuassem, apesar da entrada em vigor do cessar-fogo domingo às 04H00 GMT (2h de Brasília).
- A Jihad islâmica reivindica os disparos de cinco foguetes contra a cidade de Sderot (Sul de Israel) em três ocasiões, às 7h (3h de Brasília), 8h (4h de Brasília) e 10h (6h de Brasília) - disse à AFP o porta-voz do braço armado da Jihad Islâmica Abu Ahmed.
- O inimigo sionista não respeitou o acordo de cessar-fogo que engloba a totalidade dos territórios palestinos, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia - afirmou.
- Domingo pela manhã houve discussões em Jenin (norte da Cisjordânia). Não nos comprometemos a nenhuma trégua que não seja respeitada pelo inimigo - acrescentou.
Em comunicado, as Brigadas Ezzedin Al Qassam, braço armado do movimento islâmico Hamas, assumiram a responsabilidade dos disparos de três foguetes contra uma "bateria de mísseis israelenses" e uma posição israelense uma hora e meia após a entrada em vigor do cessar-fogo.
A rádio militar israelense confirmou que nove foguetes foram disparados na região de Sderot, alvo da maioria dos lançamentos, que deixaram 10 mortos israelenses desde o início da Intifada em setembro de 2000 e provocaram represálias do exército israelense. Estas represálias deixaram centenas de mortos e feridos.
- Se Mahmud Abbas (presidente da Autoridade Palestina) e os movimentos palestinos assinantes do acordo sobre o cessar-fogo não são capazes de impor sua aplicação, Israel considerará os lançamentos uma violação do cessar-fogo e atuará para defender a população civil israelense - afirmou Peretz em comunicado.
As forças de segurança palestinas se mobilizaram domingo no norte da Faixa de Gaza para impedir os disparos de foguetes e fazer respeitar um acordo de cessar-fogo assinado com Israel, anunciou à AFP um alto responsável da Segurança Nacional.
- O presidente Mahmud Abbas deu esta ordem a todos os órgãos da segurança para fazer aplicar o acordo assinado pelo conjunto das facções palestinas destinado a suspender os disparos de foguetes - afirmou este responsável, pedindo para não ser identificado.
Pouco antes, o porta-voz do governo dirigido pelo Hamas, Ghazi Hamad, disse que era preciso "mobilizar todos os esforços" para respeitar o acordo. Segundo ele, as violações do cessar-fogo seriam discutidas com o "Hamas, o Fatah, a Jihad Islâmica, o Frente Popular de Libertação da Palestina e o Frente Democrático de Libertação da Palestina".
A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, destacou, assim como Olmert, que é necessário dar um prazo aos grupos palestinos para que comecem a respeitar o acordo.
- A prova para este acordo acontecerá nas próximas horas. Suponho que será necessário um certo tempo para que todas as organizações se acalmem - ponderou Livni em entrevista à rádio israelense.
- Os grupos armados se comprometeram e temos que dar uma chance a eles - reforçou Amos Gilad, alto funcionário do Ministério da Defesa. - Esta é a decisão que foi tomada após reuniões no seio do Estado Maior israelense - acrescentou.
No entanto, "se percebermos que alguém está disparando foguetes, é claro que atuaremos", advertiu.