EFE
PARIS - O ministro de Exteriores francês, Philippe Douste-Blazy, assegurou hoje que as ações da Justiça francesa contra pessoas vinculadas ao presidente de Ruanda, Paul Kagame, não têm "nada a ver' com uma decisão política, e 'lamentou' que o governo ruandês tenha decidido romper as relações com a França. Na semana passada, o juiz antiterrorista Jean-Louis Bruguiere assinou ordens internacionais de detenção contra o chefe de Estado-Maior e outros oito membros do entorno de Kagame pelo atentado contra o avião do ex-presidente Juvenal Habyarimana.
O assassinato de Habyarimana foi o detonante do genocídio de 1994 feito por extremistas da maioria hutu contra a minoria tutsi. Como a Justiça francesa não pode perseguir um chefe de Estado estrangeiro em exercício, o juiz recomendou à ONU que o Tribunal Penal Internacional para Ruanda se ocupe do caso de Kagame.
Na sexta-feira, Ruanda reagiu e anunciou a ruptura, a partir de segunda-feira, de suas relações diplomáticas com a França. O governo ruandês deu 24 horas ao embaixador francês para sair do país e 72 horas ao restante da legação para fazer o mesmo.
Douste-Blazy afirmou em entrevista à emissora 'Rádio J' que lamenta a decisão de Kigali de romper as relações, mais ainda porque Paris estava 'tentando fortalecer' os contatos com o país.
O ministro confirmou que a delegação sairá de Ruanda a partir de segunda-feira à noite e que a Bélgica representará os interesses da França no país. O embaixador deixou Kigali no sábado. Há pouco mais de 250 franceses em Ruanda. Douste-Blazy assegurou que as decisões de Bruguiere eram 'decisões de Justiça' e defendeu que 'a Justiça faça seu trabalho'. Ao negar categoricamente que as ações de Bruguiere sejam uma decisão política, o chefe da diplomacia francesa assegurou que a França é 'um Estado de direito, uma República'.
Em entrevista pela televisão no sábado à noite, Kagame acusou a França de estar 'envolvida' no genocídio de 1994, o que foi negado pelas autoridades francesas. Kagame afirmou que a comissão de investigação ruandesa determinará 'o alcance, os graus de envolvimento, as pessoas implicadas, e como as instituições francesas estão implicadas'.