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Jornalistas debatem código de ética e papel dos novos meios

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EFE

BUENOS AIRES - Jornalistas do Brasil e de outros seis países da América abriram nesta sexta-feira um espaço de debate e autocrítica, que termina neste sábado com a adoção de um código de princípios éticos para a prática jornalística.

- Estabelecer um código de ética é içar as velas para que os ventos do possível nos levem rumo à utopia - afirmou o colombiano Javier Restrepo, ao falar na abertura do Primeiro Congresso Nacional de Ética Jornalística, diante de cerca de 200 jornalistas e estudantes.

O encontro, organizado pelo Fórum de Jornalismo Argentino (Fopea), também conta com a participação de Rosental Calmon Alves (Brasil), Mónica González (Chile), José Buendía (México), James Rowe (EUA) e Jaime Abello Banfi (Colômbia).

Com o jornalismo e a ética como eixos centrais, os debates desta sexta-feira abordaram temas como os vínculos da imprensa com os Governos e a justiça, a qualidade jornalística, os direitos humanos e o avanço dos meios digitais.

Um dos discursos mais concorridos foi o do brasileiro Rosental Calmon Alves, um dos pioneiros do jornalismo para internet na América Latina. O professor da Universidade do Texas (EUA) considerou que a humanidade 'está no meio da maior revolução comunicacional desde a invenção da imprensa', quando 'diziam coisas parecidas com as que se dizem hoje sobre os blogs'.

- Não tenho nenhuma base científica para provar. Mas tenho certeza de que o cérebro das crianças de hoje se desenvolve de maneira completamente diferente da nossa geração - avaliou.

Depois de perguntar ao auditório se 'é tão difícil entender que o jornal e a televisão estão mortos e o jornalismo também', Alves sustentou que 'o que está morto é o jornalismo arrogante e distante de uma audiência passiva e às vezes cativa'.

Javier Restrepo, mestre de Ética da Fundação do Novo Jornalismo Ibero-americano, disse que ao adotar um código 'os jornalistas, com clareza intuitiva, sabem que sua profissão se tornará um meio para deixar marcas indeléveis, para produzir coisas imperecíveis, para realizar atos imortais'.

O documento foi elaborado pela Fopea, fundada em 2003 e que reúne jornalistas e professores de Comunicação argentinos e de outros países. É o resultado de um ano de debate entre seus cerca de 200 membros sobre a ética da profissão.

Buendía, diretor-executivo da Fundação Imprensa e Democracia (Preme) do México, disse que em seu país 'há códigos de ética, mas na maioria dos casos são letra morta', durante um debate cujo moderador foi o diretor de Vendas para a América do Sul da Agência Efe, o americano John Reichertz.

Já a argentina Madgalena Ruiz Guiñazú afirmou que 'há países com os quais se pode ter certa simpatia, mas é inaceitável que em Cuba um jornalista dissidente passe 25 anos na prisão'.

Sua colega chilena Mónica González opinou que 'não é normal que um jornalista seja assassinado numa democracia, que outro ceda sua imagem para publicidade e que outro cometa um erro grave e nem sequer preste contas publicamente'.

- Estes são problemas a serem tratados do ponto de vista ético - afirmou.