EFE
MOSCOU - A Rússia entregou ao Irã os primeiros sistemas de mísseis antiaéreos Tor M-1, em virtude do contrato assinado no final do ano passado pelos dois países, apesar da oposição frontal dos Estados Unidos e de Israel.
- A entrega começou. Os primeiros mísseis já se encontram em Teerã, informou nesta sexta-feira um porta-voz da indústria militar russa à agência 'Interfax'.
Durante as últimas semanas militares iranianos foram instruídos na Rússia para o uso destes sistemas, que tem alcance médio e caráter defensivo, segundo Moscou.
Apesar da insistência de americanos e israelenses, o consórcio estatal Rosoboronexport assegurou hoje que o 'Irã é um país soberano e não é objeto de sanções internacionais para que lhe impeçam de adquirir armamento'.
Moscou e Teerã assinaram no final do ano passado um contrato de provisão nos próximos três anos de 29 sistemas de mísseis antiaéreos russos Tor M-1 por um valor de US$ 700 milhões.
Israel qualificou esta operação como 'uma punhalada nas costas', enquanto os EUA asseguraram que os Tor M-1 contribuiriam para a instabilidade no Oriente Médio.
Por outro lado, o ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, declarou que a venda deste material de guerra não alterará a correlação de forças na região, pois estes foguetes são - estritamente defensivos e não podem ser utilizados para lançar mísseis de superfície.
Cada sistema Tor é dotado de oito foguetes terra-ar com um alcance entre 1,5 e 12 quilômetros de distância e entre 10 metros e 6 quilômetros de altitude.
Os Tor M-1 são os 'únicos no mundo' que são capazes de detectar, identificar e seguir até 48 alvos simultaneamente, além de abater, ao mesmo tempo, dois objetos no ar que voem a alturas entre 20 a 6.000 metros.
Desta forma, segundo os especialistas russos, o Irã poderá fazer frente a uma possível invasão ou um ataque israelense contra suas centrais elétricas ou nucleares, como ocorreu em 2003 com o Iraque.
Com este contrato a Rússia descumpre o protocolo Gore-Chernomirdin, assinado em meados da década de 1990 pelo vice-presidente americano, Al Gore, e o primeiro-ministro russo, Victor Chernomirdin.
Segundo este protocolo, Moscou se comprometia a não assinar novos acordos de venda de armas com Teerã, enquanto Washington garantia a Moscou uma cota no mercado internacional de armamento.
Segundo o relatório do Congresso americano, a Rússia superou em 2005 os Estados Unidos em venda de armas aos países em vias de desenvolvimento, graças aos contratos assinados com países rechaçados por Washington como o Irã, e potências emergentes como China e Índia