EFE
BUENOS AIRES - Um protesto organizado por moradores de diferentes bairros de Buenos Aires e adjacências denunciou hoje o "lado obscuro' do fenômeno da construção civil, a atividade que mais cresce na Argentina.
"Nem um tijolo a mais' foi o lema das 50 organizações de moradores que convocaram um 'barulhaço' em 20 pontos da capital argentina. Milhares de pessoas se reuniram para protestar contra a construção 'indiscriminada' de torres de apartamentos.
Os manifestantes reivindicaram a suspensão das obras até que se avalie o impacto ambiental da proliferação de grandes edifícios em áreas que recentemente se caracterizavam por suas casas baixas e uma atmosfera aprazível.
- Os serviços de esgoto, luz e água estão em colapso por falta de planejamento prévio - disse um dos participantes do protesto.
Os manifestantes também reivindicaram a conservação das áreas verdes e afirmaram que as torres barram a luz natural e a circulação de ar nos bairros residenciais.
Recentemente, um grupo de moradores do tradicional bairro de Caballito, no coração da capital argentina, abriu uma ação judicial contra o avanço das torres. A juíza Alejandra Petrella suspendeu na semana passada as permissões de 16 obras, e o prefeito de Buenos Aires, Jorge Telerman, cancelou por três meses as novas autorizações para edificar em seis distritos da cidade.
- Não queremos prejudicar os trabalhadores da construção nem as empresas. Mas é preciso discutir o assunto a sério. Não se trata de uma obra isolada, mas de uma modificação substancial do ambiente do bairro - afirmou Mario Oybin, da organização SOS Caballito.
Só em Buenos Aires, nos primeiros oito meses do ano foram dadas autorizações para construir 1.625.468 metros quadrados, 20% a mais que no mesmo período de 2005 e 10 vezes mais que em 2002.
O setor foi o primeiro a se recuperar após a crise de 2001 e vem sendo um dos motores da economia argentina. Seu crescimento foi de 20% nos primeiros nove meses deste ano, acima dos 7,6% da indústria.