EFE
VARSÓVIA - O governo polonês decretou luto de três dias pela morte, na terça-feira, de 23 trabalhadores da mina Halemba, na cidade de Ruda Slaska, em um acidente que manteve o país em vigília enquanto duraram as operações de resgate.
Uma explosão de metano que aconteceu na terça-feira, às 16h30 (12h30 em Brasília), matou 23 homens de entre 21 e 56 anos, cujos corpos terminaram de ser resgatados nesta madrugada.
A tragédia aconteceu na parte mais baixa da mina mais profunda da Polônia, a 1.030 metros da superfície, quando a concentração de gás metano na galeria na qual os mineiros trabalhavam ultrapassou 4% e ocorreu uma explosão que gerou uma temperatura de 1.000 graus centígrados.
Os mineiros tinham descido até a galeria, fechada pelas autoridades mineradoras exatamente pelo risco de explosão, para recuperar os equipamentos instalados nela, de um valor de 70 milhões de zlotis (17,5 milhões de euros).
Desde o primeiro momento, os especialistas deram a entender que havia poucas esperanças de encontrar algum mineiro vivo, devido à alta temperatura atingida após a explosão, à queda de rochas e à composição do ar na galeria depois da explosão, com pouco oxigênio e muito monóxido de carbono.
No entanto, mais de cem especialistas em resgate em minas trabalharam incessantemente durante 37 horas para chegar até os acidentados, com a esperança de que um milagre os mantivesse vivos.
E, embora os primeiros oito corpos encontrados tenham reduzido ainda mais as esperanças, porque estavam tão carbonizados que sua identificação requereria a realização de exames de DNA, toda a Polônia continuava pensando que o milagre era possível, o que não aconteceu. Todos os corpos foram recuperados.
Nesta quinta-feira, imersa na dor, a Polônia se pergunta se vale a pena explorar jazidas de carvão tão profundas e tão perigosas devido ao alto conteúdo de metano.
O ministro da Economia, Piotr Wozniak, anunciou que o problema será analisado, porque, por um lado, é muito duro arriscar diariamente a vida de tantos trabalhadores, mas, por outro, em Ruda Slaska, 20 mil mineiros e seus familiares vivem da mina Halemba, que, se fosse fechada, os levaria à miséria.
Mas há outra pergunta pairando no ar, formulada pelo presidente, Lech Kaczynski, relativa à possível responsabilidade de alguém que não cumpriu as obrigações.
Kaczynski anunciou que os especialistas mineiros e os promotores farão uma exaustiva investigação para confirmar se foram respeitados os procedimentos e as normas vigentes e se os equipamentos usados para prevenir acidentes estavam em boas condições e foram empregados como as normas exigem.
A terceira questão que será investigada é se não ocorreu uma falha humana que tornou possível que uma coincidência de circunstâncias negativas matasse os mineiros.
É inquestionável que a abundância de gás na mina de Halemba é singular, já que a operação de resgate teve que ser interrompida duas vezes, por várias horas, e todos seus membros retirados para a superfície, porque se temia uma nova explosão do gás.
Esta circunstância terá que ser levada em conta pelos especialistas que decidirão se a exploração da mina será mantida ou não, já que, como o acidente demonstrou, as técnicas de prevenção para que o metano não chegue a níveis perigosos não são perfeitas