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Multidão se despede de ministro libanês assassinado

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EFE

BEIRUTE - Milhares de pessoas se reuniram nesta quinta-feira no centro de Beirute, onde acontece o funeral do ministro da Indústria, Pierre Gemayel, assassinado nesta terça-feira em um bairro no norte da capital libanesa.

Desde as primeiras horas da manhã, uma multidão já começava a se formar na Praça dos Mártires, também chamada de Praça da Intifada da Independência, e em frente à catedral de São Jorge, sob um forte esquema de segurança.

As bandeiras libanesas entre milhares de pessoas formaram um cenário semelhante ao do funeral do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, assassinado em um atentado em fevereiro de 2005.

O caixão carregado pelos seguidores de Gemayel foi recebido com aplausos em sua chegada à catedral, e acompanhado pelo som dos sinos das igrejas que já soavam desde cedo.

A entrada na catedral só foi permitida aos familiares e às autoridades locais e internacionais, dentre as quais o ministro de Relações Exteriores da França, Philippe Douste-Blazy, e o secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, além de embaixadores e líderes religiosos de todas as comunidades.

Eram tantas as personalidades que entravam quase ao mesmo tempo na catedral que os guarda-costas tiveram dificuldades para abrir a passagem.

Jovens cristãos e muçulmanos trocavam símbolos de suas religiões, em uma cena inimaginável em um passado recente.

A chegada de cada uma das autoridades à igreja foi acompanhada em alguns casos por aplausos e em outros por vaias pelos presentes, que tiveram que ficar atrás de uma grade em frente à catedral.

Entre os que foram vaiados estão os deputados da oposição pró-síria, entre eles Nader Succar, Ali Hassan Khalil e Ali Bassel. No entanto, a chegada do chefe do Parlamento e integrante do grupo pró-síria, Nabih Berri, que surpreendeu a todos, foi recebida com aplausos.

O caixão de Gemayel, envolvido com as bandeiras libanesa e do partido Kataeb (Falange), foi trazido desde a sede do partido, no centro da cidade, até a catedral.

Durante a passagem do cortejo, várias pessoas gritavam palavras contra a Síria, enquanto outras carregavam cartazes com dizeres como "Síria, chega de matar o regime', 'Somos reféns de Israel, Síria e Irã', e uma foto do presidente sírio, Bashar al-Assar, com a frase "Nos empurram para uma guerra civil'.

Outros cartazes criticavam o presidente Émile Lahoud (pró- Síria), que não foi ao funeral 'para não criar uma situação constrangedora', segundo suas próprias palavras.

'Em breve, o veremos no tribunal', dizia um dos cartazes dirigidos a Lahoud.

O regime sírio é acusado pela morte de Gemayel, pela suposta tentativa de impedir a criação de um tribunal internacional para julgar os autores do assassinato de Rafik Hariri e de outras personalidades libanesas assassinadas desde outubro de 2004.

- Quiseram matar a juventude, a esperança. Não querem que vivamos tranqüilos, afirmou Rend Jayat, uma universitária que chegou cedo ao local. - Embora seja muçulmana, estou de coração com os cristãos nesta tragédia, disse.

Entre os cânticos entoados pela multidão o mais ouvido foi: "Cristãos e muçulmanos juntos até a eternidade para salvar o Líbano'.

A cerimônia religiosa foi conduzida pelo patriarca Nasrallah Sfeir, que durante a missa leu uma mensagem enviada pelo Papa Bento XVI na qual pede aos libaneses que se unam e construam juntos seu país