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Ministra de Blair depõe sobre escândalo de 'venda' de cargos

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EFE

LONDRES - A ministra de Saúde do Reino Unido, Patricia Hewitt, confirmou hoje que foi interrogada pela Polícia como 'testemunha' na investigação da suposta 'venda' de cargos e títulos em troca de doações ao Partido Trabalhista.

- Posso confirmar hoje que me reuni com a Polícia. Ficou claro que eu era uma testemunha, e não uma suspeita, na investigação - disse a ministra num comunicado.

Hewitt é a primeira figura em atividade no Gabinete do primeiro-ministro, Tony Blair, a depor na investigação do escândalo. No início do mês, ela havia adiantado a sua disposição de 'cooperar completamente'.

Segundo a imprensa britânica, a ministra da Saúde pode ter respondido a perguntas sobre as doações feitas a seu partido na sua circunscrição eleitoral, Leicester West, no centro da Inglaterra, pelo empresário de origem indiana Gulam Noon.

Noon, um dos doadores mais ricos dos trabalhistas, emprestou ao partido de Blair um total de 14 milhões de libras (20 milhões de euros) antes das últimas eleições gerais, no ano passado.

O Governo indicou depois o empresário para o título de lorde. Mas a Comissão de Nomeações da Câmara dos Lordes bloqueou a concessão, o que deu lugar à atual investigação policial.

Todos os ministros que estavam no Governo durante a campanha eleitoral de 2005 receberam cartas da Polícia pedindo que declarem por escrito tudo o que sabem sobre os empréstimos secretos que financiaram a campanha e a suposta venda de títulos honoríficos a multimilionários.

Outro trabalhista de peso já contatado pela Polícia é o ex-ministro Alan Milburn, que foi o coordenador da campanha até ser substituído por Gordon Brown, ministro da Economia.

Milburn não foi convocado a depor, mas foi interrogado pessoalmente, também como testemunha.

Muitos analistas acham que o cerco vai se fechar até alcançar o próprio Blair. Ele poderá ser o primeiro chefe de Governo britânico a ser interrogado por um caso de suposta corrupção nos últimos 70 anos.

No dia 16 de novembro, o oficial da Polícia britânica que dirige a investigação, o subcomissário da Scotland Yard John Yates, afirmou que espera apresentar suas conclusões à Promotoria em janeiro.

Ele disse ter interrogado 90 pessoas: 35 membros do Partido Trabalhista, 29 do Partido Conservador, quatro do Partido Liberal-Democrata e 22 pessoas sem filiação partidária.

A polêmica sobre a suposta 'venda' de cargos começou em março, quando membros do Partido Trabalhista revelaram os empréstimos de quase 20 milhões de euros concedidos por 12 empresários. Alguns deles, mais tarde, foram indicados para ocupar uma cadeira na Câmara dos Lordes.