Agência Reuters
CARACAS - Mais de 130 observadores da União Européia terão acesso a todo o processo da eleição presidencial venezuelana do dia 3, disse na terça-feira a chefe da missão, deputada Monica Frassoni. Cerca de 16 milhões de eleitores estão aptos a votar. O presidente Hugo Chávez busca mais um mandato, e seu principal adversário, Manuel Rosales, se comprometeu a respeitar o resultado, um dia depois de acusar o governo de manipular o pleito.
O grupo europeu está composto por dez especialistas e 37 observadores de longo prazo espalhados em 17 Estados venezuelanos e na capital, onde votam cerca de 97 por cento dos eleitores. Outros 6 Estados, menos habitados, ficarão sem fiscalização. A uma semana das eleições, mais de 80 pessoas se somarão à missão como observadores de curto prazo.
A oposição boicotou a eleição parlamentar de 2005, por desconfiar das autoridades eleitorais, e os observadores da União Européia e da Organização dos Estados Americanos recomendaram à Venezuela que tomasse medidas para estimular a confiança nas eleições. Chávez minimizou a proposta, dizendo que os observadores eram formados em sua maioria por membros de partidos de extrema direita em seus países.
Além da União Européia, o Carter Center, dos EUA, também enviará uma 'missão limitada', de 8 a 10 pessoas. A OEA terá cerca de 60 observadores, que chegam nos próximos dias a Caracas. O governo Chávez introduziu o sistema de votação eletrônica no país, no qual a oposição não confia. Mas na terça-feira Rosales, que em quase todas as pesquisas aparece com metade das intenções de voto de Chávez, disse que 'se o jogo for limpo, as regras do jogo são claras, evidentemente estaríamos dispostos a respeitar esse resultado'.
- O que estamos jogando não é o futuro da oposição, e sim da Venezuela. Isso é parte da luta - disse o candidato em entrevista coletiva. - Não se pode nadar contra uma decisão popular, do coletivo venezuelano. O que não vamos aceitar são é que, estabelecidas as normas, por meio de leis e regulamentos, elas sejam mudadas, manipuladas ou distorcidas no dia da eleição, que seja violado o segredo do voto.
Rosales acusou Chávez de transmitir a sensação de que haverá distúrbios no dia da votação, como forma de afugentar os eleitores.
- Nós lemos nas entrelinhas duas coisas importantes: que querem aterrorizar as pessoas para que não votem, e justificar a presença de grupos armados na rua para perturbar e sabotar o processo eleitoral - afirmou.
Chávez disse na semana passada estar preparando um 'contra-ataque' para repelir possíveis distúrbios da oposição.