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Rússia diz que mísseis Patriot dos EUA não ajudarão a acabar com conflito na Ucrânia

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Por JB INTERNACIONAL com Reuters
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Publicado em 22/12/2022 às 07:00

Alterado em 22/12/2022 às 08:26

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, recebeu uma bandeira dos EUA da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, durante a sessão conjunta do Congresso dos EUA na Câmara do Capitólio dos EUA em Washington Foto: Reuters/Evelyn Hockstein

A Rússia disse nesta quinta-feira (22) que o fornecimento de sistemas de mísseis Patriot dos Estados Unidos para a Ucrânia, anunciado durante a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy a Washington nessa quarta (21), não ajudará a resolver o conflito ou impedirá a Rússia de atingir seus objetivos.

Em um telefonema a repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não havia sinais de prontidão para negociações de paz durante a visita de Zelenskiy, provando que os Estados Unidos estão travando uma guerra por procuração com a Rússia "até o último ucraniano".

Zelenskiy disse ao Congresso dos EUA nessa quarta-feira que a ajuda ao seu país era um investimento na democracia, ao invocar as batalhas contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial para pressionar por mais assistência na guerra contra a Rússia.

Os comentários de Zelenskiy foram feitos no momento em que os republicanos - alguns dos quais expressaram crescente ceticismo sobre o envio de tanta ajuda à Ucrânia - devem assumir o controle da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos em 3 de janeiro.

Os Estados Unidos anunciaram outros US$ 1,85 bilhão em ajuda militar para a Ucrânia, incluindo o sistema de defesa aérea Patriot para ajudá-la a afastar barragens de mísseis russos.

Zelenskiy disse que o sistema Patriot foi um passo importante na criação de um escudo aéreo.

"Esta é a única maneira de privar o Estado terrorista de seu principal instrumento de terror - a possibilidade de atingir nossas cidades, nossa energia", disse Zelenskiy em entrevista coletiva na Casa Branca, ao lado do presidente Joe Biden.

"Gostaríamos de ter mais Patriots... estamos em guerra", disse Zelenskiy a repórteres na Casa Branca.

Alguns republicanos pediram o fim da ajuda e uma auditoria para rastrear como o dinheiro alocado foi gasto.

A Rússia diz que lançou sua "operação militar especial" na Ucrânia em 24 de fevereiro para se livrar dos nacionalistas e proteger as comunidades de língua russa. A Ucrânia e o Ocidente descrevem as ações da Rússia como uma guerra de agressão não provocada que matou milhares de pessoas.

 

'A RÚSSIA DEVE PERDER'

O Congresso está prestes a aprovar um adicional de US$ 44,9 bilhões em assistência militar e econômica de emergência, além dos cerca de US$ 50 bilhões já enviados à Ucrânia este ano, enquanto o maior conflito terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial se arrasta.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que Washington não vê sinais de que o presidente russo, Vladimir Putin, esteja disposto a se engajar na pacificação.

O assessor de Zelenskiy, Mykhailo Podolyak, disse que os Estados Unidos "finalmente identificaram a linha de base" no conflito.

"1. A Rússia deve perder. 2. Nenhum 'território em troca de compromissos pseudo/mundiais'. 3. A Ucrânia receberá toda a ajuda militar necessária. Tanto quanto possível. 4. Ninguém se importa com a histeria do 'fale conosco' da Rússia. ...", escreveu ele no Twitter.

A Ucrânia sofreu repetidos ataques russos contra sua infraestrutura de energia nas últimas semanas, deixando milhões sem energia ou água corrente no auge do inverno.

Zelenskiy parabenizou os eletricistas por trabalharem sem parar, tentando manter as luzes acesas enquanto marcavam o Dia dos Engenheiros de Energia nesta quinta-feira, um dia após o Solstício de Inverno, o dia mais curto do ano.

“Mesmo que o inimigo possa nos deixar temporariamente sem luz, nunca conseguirá nos deixar sem o desejo de consertar as coisas, consertar e restaurar o normal”, disse ele no Telegram. "...Juntos venceremos qualquer escuridão."

Serhiy Popko, chefe da administração militar da cidade de Kyiv, disse que o principal problema não é a geração de energia, mas o fornecimento de eletricidade para as residências.

 

AÇÕES PROVOCATIVAS

A agência de notícias TASS citou anteriormente o embaixador da Rússia nos EUA dizendo que a visita de Zelenskiy aos Estados Unidos confirmou que as declarações de Washington sobre não querer um conflito com a Rússia eram palavras vazias.

As ações provocativas dos Estados Unidos estavam levando a uma escalada, cujas consequências eram impossíveis de imaginar, disse Anatoly Antonov, segundo a TASS.

Moscou disse na semana passada que os sistemas Patriot, se entregues à Ucrânia, seriam um alvo legítimo para ataques russos.

Zelenskiy juntou-se a uma longa lista de líderes mundiais para discursar em reuniões conjuntas do Senado e da Câmara dos EUA, incluindo o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, reis, rainhas e um papa.

Putin prometeu na quarta-feira dar a seus militares tudo o que for necessário para prosseguir na guerra e apoiou um plano para aumentar o tamanho das forças armadas em mais de 30%.