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'Derrotamos a Rússia na batalha pelas mentes do mundo', diz Zelensky em discurso duro no Congresso dos EUA

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Por JB INTERNACIONAL com Reuters
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Publicado em 21/12/2022 às 22:27

Alterado em 21/12/2022 às 22:27

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, discursa em uma reunião conjunta do Congresso dos EUA na Câmara do Capitólio dos EUA em Washington, EUA, 21 de dezembro de 2022. Ao fundo, a vice-presidente dos EUA, Khamala Harrys e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi Foto: Reuters/Evelyn Hockstein

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, discursou em uma reunião conjunta do Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira (21) com o objetivo de persuadir os legisladores republicanos a continuarem a financiar a defesa de seu país contra a Rússia.

"É uma grande honra para mim estar no Congresso dos EUA e falar com vocês e com todos os americanos. Apesar de todos os cenários pessimistas, a Ucrânia não caiu. A Ucrânia está viva e forte", disse Zelenskiy, que foi aplaudido de pé quando ele entrou na câmara, bem como em diversos momentos durante o forte discurso.

"Derrotamos a Rússia na batalha pelas mentes do mundo", disse ele.

Três membros do Congresso ergueram uma grande bandeira ucraniana durante a ovação.

Após uma reunião na Casa Branca com o presidente democrata Joe Biden, o discurso de Zelenskiy precisava ressoar com uma audiência bipartidária de legisladores americanos, incluindo os republicanos da Câmara dos Representantes, que expressaram crescente ceticismo sobre continuar enviando dezenas de bilhões de dólares para a Ucrânia.

Zelenskiy juntou-se a uma longa lista de líderes mundiais que discursaram em reuniões conjuntas do Senado e da Câmara, uma tradição que começou em 1874 com uma visita do rei havaiano Kalakaua, e incluiu visitas quase lendárias durante a guerra do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, bem como reis, rainhas e um papa.

A sesão desta quarta também marcará uma das últimas vezes que Nancy Pelosi, uma democrata, presidirá a Câmara como presidente, antes que os republicanos obtenham a maioria em 3 de janeiro.

O planejamento do discurso de Zelenskiy começou em outubro, de acordo com um assessor de Pelosi, quando ela se encontrou com Ruslan Stefanchuk, presidente do parlamento ucraniano, o Verkhovna Rada. Na época, Pelosi participava da Primeira Cúpula Parlamentar da Plataforma Internacional da Crimeia, em Zagreb, Croácia.

Exatamente 300 dias após a invasão das tropas russas e em meio a ataques de foguetes intensificados que deixaram cidades ucranianas em ruínas, Zelenskiy chegou sabendo que o Senado e a Câmara controlam os cordões à bolsa dos Estados Unidos.

Seu timing foi perfeito, já que o Congresso está prestes a aprovar um adicional de US$ 44,9 bilhões em nova assistência militar e econômica de emergência, além dos cerca de US$ 50 bilhões já enviados à Ucrânia este ano.

 

PRIMEIRA VIAGEM DE GUERRA AO EXTERIOR

Daniel Fried, ex-embaixador dos EUA na Polônia e membro do Atlantic Council, disse que a viagem de Zelenskiy demonstrou que ele e Biden compartilham a crença de que os Estados Unidos, apesar de suas falhas, são os líderes do mundo livre.

Zelenskiy, disse Fried, "não foi a Berlim, Bruxelas, Londres ou Paris" em sua primeira viagem ao exterior desde o início da guerra.

Zelenskiy, de 44 anos, ex-comediante e ator, também visitou Washington em um dia em que o Senado confirmou de forma esmagadora um novo embaixador na Rússia.

A ótica das boas-vindas de Zelenskiy como defensor da democracia transmitia uma mensagem muito mais profunda do que a ajuda militar. O objetivo era sinalizar ao presidente russo, Vladimir Putin, que os Estados Unidos e seus aliados da Otan permanecem firmemente atrás da Ucrânia, apesar dos recentes sinais de impaciência entre alguns legisladores republicanos com o custo crescente.

Quando ele atravessou as portas duplas de madeira da Câmara - que tiveram que ser barricadas contra os apoiadores do então presidente Donald Trump há quase dois anos - os aplausos foram acentuados por alguns legisladores vestindo azul e amarelo, as cores da bandeira ucraniana.

Pelosi usa regularmente um broche com a bandeira dos Estados Unidos e da Ucrânia. Ela observou em uma aparição com Zelenskiy antes de seu discurso que seu pai, o representante Thomas D'Alesandro, estava presente para o primeiro discurso de Churchill ao Congresso em 1941, no início da Segunda Guerra Mundial.

A maioria dos 435 membros da Câmara e dos 100 do Senado compareceu ao discurso.

O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, usava gravata amarela e terno azul. Em um discurso no Senado, ele descreveu Zelenskiy como "um líder que luta por sua vida, lutando pela sobrevivência de seu país e lutando para preservar a própria ideia de democracia".

Para Zelenskiy, cujos uniformes de guerra se tornaram globalmente reconhecidos, a Câmara ignorou uma regra que normalmente exige que os homens usem paletó e gravata dentro de suas dependências.