MUNDO
Chefe da CIA disse ao governo Bolsonaro para não duvidar do sistema eleitoral no Brasil, diz Reuters
Por JORNAL DO BRASIL
[email protected]
Publicado em 05/05/2022 às 18:33
Alterado em 05/05/2022 às 18:33
O diretor da Agência Central de Inteligência (CIA),William Burns Foto: AFP 2022 / Kevin Dietsch
Em declarações feitas em reunião fechada com presidente brasileiro no ano passado, mas apenas reveladas agora, fontes disseram à agência que diretor da CIA demonstrou preocupação da administração Biden com as eleições no Brasil.
O diretor da CIA, William Burns, teria dito a altos funcionários brasileiros que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria parar de lançar dúvidas sobre o sistema de votação de seu país antes das eleições de outubro, segundo duas fontes brasileiras falando sob condição de anonimato para a Reuters.
Entretanto, as declarações ocorreram no ano passado, em uma reunião a portas fechadas em julho quando Burns veio a Brasília, mas só agora foram reveladas.
A agência de notícias afirma que uma terceira fonte em Washington teria confirmado que uma delegação liderada por Burns disse aos principais assessores de Bolsonaro que o presidente deveria parar de minar a confiança no sistema eleitoral.
Burns foi, e continua sendo, o mais alto funcionário dos EUA a se reunir em Brasília com o governo Bolsonaro desde a eleição do presidente dos EUA, Joe Biden.
Durante sua viagem não anunciada, Burns, diplomata de carreira indicado por Biden no ano passado, se encontrou no palácio do Planalto com Bolsonaro e dois assessores de inteligência: o conselheiro de Segurança Nacional, Augusto Heleno, e Alexandre Ramagem, então chefe da Agência de Inteligência Brasileira (ABIN).
O diretor também jantou na residência do embaixador dos EUA com Heleno e o então chefe de gabinete de Bolsonaro, Luiz Eduardo Ramos.
No jantar, segundo uma das fontes, Heleno e Ramos procuraram descartar o significado das repetidas alegações de Bolsonaro de fraude eleitoral. Em resposta, disse a fonte, Burns disse a eles que o processo democrático era sagrado e que Bolsonaro não deveria estar falando dessa maneira.
"Burns estava deixando claro que as eleições não eram um assunto com o qual eles deveriam mexer", disse a fonte, que não estava autorizada a falar publicamente. "Não foi uma palestra, foi uma conversa."
É incomum que os diretores da CIA entreguem mensagens políticas, mas Biden deu a Burns o poder de ser um porta-voz discreto da Casa Branca, disseram as fontes.
Até hoje, desde que assumiu o cargo de presidente dos EUA em janeiro do ano passado, Biden e Bolsonaro ainda não se falaram. Além disso, quando o mandatário estadunidense foi vitorioso nas eleições, o chefe do Executivo brasileiro foi um dos últimos líderes a enviar felicitações a Biden. (com agência Sputnik Brasil)