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ONU se diz 'perturbada' com chacina no Jacarezinho

Operação policial no Rio de Janeiro terminou com 25 mortes

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 07/05/2021 às 09:36

Alterado em 07/05/2021 às 09:44

Os dados mostram que 60,4% dos moradores dos complexos da Penha e de Manguinhos, que exerciam atividades remuneradas, ficaram impedidos de trabalhar por causa de operações policiais que ocorreram ao longo do ano que antecedeu a pesquisa Foto: Epa

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (Acnudh) afirmou nesta sexta-feira (7) que está "profundamente perturbado" com a chacina que culminou na morte de 25 pessoas, incluindo um policial, na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro.

Em conversa com jornalistas em Genebra, o porta-voz do Acnudh, Rupert Colville, lembrou que "o uso da força deve ser aplicado apenas quando for estritamente necessário" e que é preciso "respeitar os princípios da legalidade, precaução, necessidade e proporcionalidade".

"Estamos profundamente perturbados pelas mortes", acrescentou o representante do órgão de direitos humanos da ONU. O Acnudh ainda cobrou a abertura de uma "investigação independente, completa e imparcial, de acordo com padrões internacionais".

Além disso, questionou o modelo brasileiro de policiamento em favelas, "que estão presas em um ciclo vicioso de violência letal com um impacto dramático e adverso sobre populações que já sofrem".

Operações policiais em comunidades no Rio de Janeiro estão proibidas desde junho de 2020 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), devido à pandemia do novo coronavírus, a não ser em casos excepcionais.

A Polícia Civil diz que a ação mirava o aliciamento de jovens para o tráfico de drogas na favela, mas moradores do Jacarezinho e ONGs de direitos humanos denunciam a ocorrência de execuções durante a incursão.

"Ainda que todas essas pessoas fossem suspeitas de associação criminosa, o que não está provado, não é justificável esse tipo de execução sumária. Cabe à polícia o poder de prender e à justiça o dever de processar e julgar os suspeitos de cometer crimes", disse a Anistia Internacional.

Já a Polícia Civil afirmou que "não entra para executar" e que 24 dos 25 mortos eram "criminosos", mas até agora não divulgou detalhes das acusações contra os suspeitos nem suas identidades. (com agência Ansa)