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Pag. 26 - Mais poder para Chávez

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Venezuela terá lugar garantido no mercosul o professor de relações internacionais da unb, amado cervo, concorda que os resultados da eleição de setembro mostram a desaprovação do governo por parte da população.

– isso é efeito de uma situação social que está cada vez mais difícil. há uma unanimidade, a oposição está se fortalecendo, e chávez está usando os seus mecanismos para que a sua situação pessoal não se enfraqueça – afirma cervo, que também acredita que a situação interna vai ficar mais grave. – a oposição pode usar outros mecanismos, como manifestações, mas isso vai representar mais risco.

Um exemplo disso foi a votação de uma lei que retira a autonomia das universidades públicas e privadas do país, redigida sem consulta à comunidade acadêmica. milhares de estudantes se reuniram diante do congresso para protestar e entraram em confronto com partidários de chávez.

Na quarta-feira, o porta-voz do departamento de estado americano, p. j. crowley, acusou chávez de subverter a vontade do povo venezuelano com a lei habilitante.

– em setembro, milhões de venezuelanos exerceram seu direito democrático de votar.

Foram eleições bem sucedidas, e enviaram uma mensagem clara ao governo.

Apesar de uma possível pressão internacional para frear os poderes do presidente venezuelano, o professor cervo avalia que isso não terá um impacto interno. para ele, a venezuela está se isolando cada vez mais da américa do sul e do resto do mundo.

– a estratégia chavista é governar tendo em vista a existência de um inimigo interno e de inimigos externos.

Mer cosul no fim de 2009, a maioria governista no senado, orientada pelo presidente luiz inácio lula da silva, aprovou a adesão da venezuela ao mercosul. agora, para integrar definitivamente o bloco, o país só depende do aval do parlamento do paraguai. de acordo com o cientista político manuel sanches, a posição paraguaia não será diferente da do brasil e da argentina.

– não acredito que o paraguai vá arriscar a se indispor com a venezuela, ainda mais se for levada em consideração a força dos paraguaios no grupo.

Relação com o brasil com a posse da presidente eleita dilma rousseff, a relação do brasil com a venezuela não deve mudar muito, apostam os especialistas. de acordo com o professor amado cervo, um indício disso é a manutenção do assessor especial da presidência para assuntos internacionais, marco aurélio garcia.

– o brasil quer manter um perfil diplomático, um clima de entendimento político favorável, de não confrontação, de não oposição.

Já sanches aposta que dilma, apesar de não mudar radicalmente a postura brasileira no cenário internacional, vai ser mais cuidadosa em relação a governos não democráticos como a venezuela e o irã.

– ela já fez declarações que mostram que vai haver uma compensação das aberturas feitas durante o governo do presidente lula. a venezuela está muito próxima e cada vez mais antidemocrática. e esse jogo está muito relacionado a atividade comercial – argumenta o cientista político. – a venezuela tem uma quantidade enorme de petróleo e é um eventual aliado, mas, com a descoberta do pré-sal, eles podem virar um concorrente – conclui.