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Justin Bieber in Rio: entre o passado e o futuro, ícone teen faz do presente uma homenagem a sua legião de fãs

Em seu show, astro canadense se furta de todo o talento visível em nome de uma performance criada para satisfazer as 40 mil admiradoras em êxtase diante do ídolo

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Em determinado momento do show, no telão surgem imagens de um garotinho simpático, cantando aquela tradicional canção em inglês com as letras do alfabeto; em sequência, o mesmo pequerrucho surge à toda, tocando bateria de forma impressionante; mais um corte e o moleque arranca notas fascinantes de 'Cry me a river', de Justin Timberlake, no violão. Para no fim de tudo, correr até a câmera e dizer: 'Quero aparecer na TV. Adeus, amo vocês'. Um passado não muito distante e que levou este mesmo garotinho a um estádio no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, com a função de deixar em êxtase 40 mil fãs, em sua maioria pré-adolescentes acompanhadas de suas mães. 

'Beleza?', solta Justin Bieber, em português, no início de seu espetáculo com 1:30h de duração, marcado por muito playback e uma rigidez de sua presença de palco que indica uma instrução forte de produção. Nada mais natural, quando estamos falando de um jovem de 17 anos. Com 'One less lonely girl', por exemplo, Justin recebe no palco uma fã e a ela entrega um buquê de flores. Espontaneidade em falta, mas quem liga? A mocinha, completamente em choque, não esboça reação, enquanto as outras 39.999 admiradoras entram em uma frequência de gritos que quase fazem o estádio vir a baixo.

E são elas, as fãs, o principal alvo do cantor durante sua performance. Em certa altura, o animadíssimo DJ que acompanha Justin pergunta à multidão: 'Quem quer namorar JB? Celulares acesos para o alto!'. Mais uma sessão de gritos e, com certeza, uma carinha amarrada de Selena Gomez no backstage.

Mas nem só de declarações às suas beliebers e playback consiste o concerto de JB. O garoto tem talento (aliás, disso nunca tivemos dúvida). Ao violão, uma versão encantadora de 'Favorite girl', uma de suas melhores músicas. À bateria, um solo de deixar queixos caídos, com tanta segurança demonstrada. Ao piano, 'Down to Earth' e o encerramento de 90 minutos de uma viagem ao mundo de um menino que, entre o passado dos vídeos em que aparece tocando violão no sofá de sua casa em Ontário, no Canadá, e o futuro, em outros vídeos em que surge cercado por nomes de peso da música, como Usher e P. Diddy, abre mão de seu talento (e de qualquer risco que o envolva) na maior parte do show para satisfazer suas fãs, que não estão ali para julgá-lo. E sim para realizá-lo, literalmente.

Porém, no bis, surge a demonstração de que o talento, apesar de camuflado pelo picadeiro pop do qual Justin é astro, está ali, latente: sem playback, Bieber emendou 'Mistletoe', seu novo single com pegada reggae, e 'Baby', maior hit e responsável pela explosão final de papel picado e euforia no estádio lotado de testemunhas presenciando uma promessa que, se não está obviamente pronta para o mercado, vem se cercando de referências (Justin Timberlake e Michael Jackson vêm à mente durante todo o show) e companheiros de produção que vão garantir a consolidação, que é vindoura. Talento, Justin tem. Falta apenas esperar o tempo passar para que o futuro dê sequência ao presente, sem nunca esquecermos daquele menininho tocando violão em casa...

por Pedro Willmersdorf

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