Um dos mais importantes nomes da literatura mundial, o argentino Ricardo Piglia foi a grande atração de hoje da 6ª edição da Fliporto, em Olinda, Pernambuco.
Sua mesa, no entanto, não atraiu muito público. Uma pena. Mas quem ouviu Piglia falar, por mais de duas horas, sobre sua experiência como leitor, certamente não vai esquecer tão cedo.
Foi uma aula, na qual o escritor voltou à infância, para mostrar o prazer que os livros lhe deram, e continuam a dar, na vida.
Lembrou que, vendo o avô lendo, na mais alta concentração, em sua biblioteca, um dia quis fazer o mesmo. Pegou um livo ao caso, um livro de capa azul, e começou ler. Quer dizer, a pensar que estava lendo, pois tinha apenas quatro anos de idade.
Certa vez, lia em frente a sua casa, em Buenos Aires, quando um homem dele se aproximou e disse: "Você está lendo o livro de cabeça para baixo".
Piglia acha que este homem era Jorge Luis Borges: "Mas até hoje leio de cabeça para baixo. Procuro encontrar nos livros o lado menos óbvio deles", afirmou o argentino.
No Brasil, Ricardo Piglia tem quase totalidade de sua obra traduzida: os romances Respiração artificial, Prisão perpétua, Dinheiro queimado, os contos de A invasão e os ensaios de O último leitor e Fomas breves. Sua mais recente obra, o romance Blanco Nocturno, editado em setembro na Espanha e Argentina, será traduzido no ano que vem, pela Compannhia das Letras.
Durante a conferência, Piglia leu trechos de uma obra em preparo: um texto crítico sobre o escritor Witold Gombrovicz, polonês que viveu em Buenos Aires nas dácadas de 30 e 40.
No fim, o ecritor contou que a leitura de Ernest Hemingway, durante a adolescência, mudou sua vida. Foi bastante aplaudido, pelos poucos e bons ouvintes.