BUENOS AIRES - O garoto Darío voltou à esquina das ruas Rodó e Sargento Cabral, no bairro Don Torcuato. Desta vez, aos 27 anos, Conca entrou pelo portão da Escola Pablo Pizzurno – também conhecida como Escola 23 – para homenagear e ser homenageado. Na comemoração por seus 200 jogos com a camisa do Fluminense, marca que alcançará nesta quarta-feira na partida contra o Argentinos Juniors, o jogador participou do evento “Tricolor em Toda Terra”, que realiza ações institucionais para divulgar a imagem do Flu pelo mundo.
Naquele cantinho do município de Tigre, na Região Metropolitana de Buenos Aires, Conca diz ter aprendido importantes lições que ajudaram a formar seu caráter. Nesta terça-feira, ao pisar na varanda de cimento frio, ele se emocionou quando viu o cartaz de recepção feito pelos alunos: “Bem-vindo, Darío, à sua Escola 23”. No auditório, Darío assistiu a uma apresentação musical de um grupo infantil, formado por crianças do próprio bairro.
– Aqui, eu aprendi a ter respeito. Educação a gente começa em casa e termina na escola. Só posso agradecer por tudo o que fizeram e espero que outras crianças daqui possam realizar o seu sonho, como aconteceu comigo – afirmou.
Além de distribuir cartões personalizados e kits com camisetas a cerca de 200 crianças, Conca doou a camisa que usou contra o Nacional (URU) para a Escola 23. Ele compartilhou atenção e carinho com os moradores. Algumas pessoas mais próximas ganharam uma placa, produzida pelo Departamento de Marketing do Fluminense.
O gesto simbolizou um agradecimento pela contribuição destes amigos e parentes na formação de um ídolo que entrou para a história do Fluminense e do futebol brasileiro. Sua mãe, Dona Dora, também foi agraciada com um buquê de flores. Antônio Sanchez, de 58 anos, que recebeu uma das placas, foi o primeiro treinador de Darío, nos campinhos de terra da periferia argentina.
– Sempre soube que ele seria um jogador profissional de futebol. Não esperava um sucesso tão grande, mas Conca tem capacidade e muita disciplina pra chegar ao topo do mundo – contou Sanchez.
Aos 9 anos, Conca foi um dos três aprovados numa peneira do River Plate, mas não pôde permanecer porque o clube não dava ajuda de custo. Com muito esforço, sua família ajudou a manter o sonho vivo. Por dia, ele ganhava $ 2,50 (cerca de R$ 1,25) dos parentes para pagar as passagens de ida e volta. Com este dinheiro, conseguia bancar apenas dois dos seis trechos que precisava percorrer até o local do treino. Os outros quatro o futuro craque cumpria a pé.
– Às vezes, voltava de bicicleta com alguns amigos, num frio de dois graus. Gelado mesmo. Eu queria jogar, mas não queria sair da casa da minha família. Continuei morando com a minha mãe e passei a jogar no Tigre de Torcuato. Depois, quando estava com 16 (anos), o River me chamou para assinar contrato como profissional – contou o argentino.
Após passar por Universidade Católica (CHI) – sendo conhecido como “El Mago” (O Mago), Rosário Central (ARG) e Vasco, Conca encontrou no Fluminense o seu melhor futebol, que o levou a ser considerado o craque do Brasileirão de 2010.
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