Portal Terra
SÃO PAULO - O médico da família Gracie, Sabino Ferreira de Farias Neto, disse neste sábado que o lutador Ryan Gracie, 33 anos, encontrado morto na cela onde estava detido em São Paulo, afirmou, no dia anterior, que havia utilizado drogas. Além disso, nervoso com a presença de cinegrafistas, Gracie afirmou que poderia se matar.
De acordo com o médico, o exame toxicológico, realizado ontem por Gracie no Instituto Médico Legal (IML), comprovou a presença de traços de cocaína ou crack, maconha e de um medicamento chamado Frontal em sua urina. Entretanto, o exame de necropsia, que indicará a causa da morte, só deve sair em 15 dias.
Em conversa na tarde de sexta-feira, o lutador teria admitido ao médico da família que havia injetado crack diluído.
- Quem usa crack é capaz de roubar - disse o médico, que afirmou ainda que o comportamento do lutador era típico de usuários da droga.
Neste sábado, Gracie retornaria para o 15ª Delegacia de Polícia, onde foi detido ontem após, segundo a polícia, tentar roubar uma moto.
Farias Neto foi procurado pela mãe e pela companheira de Gracie há cerca de cinco anos em função de seu envolvimento com drogas. O médico o atendeu na época e receitou medicamentos, mas o lutador se recusava a seguir o tratamento.
O médico não acompanhou de perto o caso de Gracie, voltando a vê-lo somente ontem, quanto o lutador estava detido, quando o acompanhou ao exame no IML e voltou com ele para o Distrito Policial, onde permaneceu até por volta das 6h.
Farias Neto disse ter se preocupado que o resultado do exame fosse obtido o mais rápido possível para que seu paciente pudesse ser medicado. Mas, mesmo sem o resultado, ao deixar o IML, Gracie tomou cinco medicamentos dados pelo médico para acalmá-lo e controlar sua pressão arterial. De acordo com os detentos, o lutador teria tido convulsões dentro da cela onde estava sozinho.
Prisão
De acordo com informações da polícia, Gracie foi detido na sexta-feira por motoboys, após tentar roubar a moto de um deles.
Antes, Gracie teria roubado um carro e ferido uma das mãos do motorista, um idoso de 76 anos. Na fuga, colidiu o carro e teria tentado roubar outro veículo, sem sucesso. Ao abordar um motoqueiro, que reagiu ao suposto assalto, o lutador foi detido pelos motoqueiros.
Gracie, que é de uma família de lutadores, ganhou cinco Prides, a Copa Company McDonald's de Judô, o Panamericano de Jiu-Jitsu em 1997, peso pesadíssimo, o Campeonato Brasileiro de 1997 e o Campeonato Sem Quimono.
Perseguição
Após a prisão, o advogado de Gracie, Rodrigo Souto, disse à polícia que o lutador toma medicamentos controlados e sofre de problemas psicológicos.
À polícia, o lutador alegou que estava sendo perseguido por bandidos que estariam tentando matá-lo.